A necessidade humana de se comunicar e ser ouvida é um aspecto fundamental da psicologia social. Em diversos contextos, seja em relacionamentos familiares, amizades, ambientes de trabalho ou interações sociais passageiras, a tendência de falar e se destacar muitas vezes sobrepõe a habilidade de ouvir e ser humilde. Vamos explorar algumas razões para isso.
As pessoas têm uma necessidade intrínseca de validação. Falar e se expor muitas vezes resulta em reconhecimento dos outros, o que alimenta a autoestima. Esse desejo de ser ouvido e apreciado é particularmente forte em ambientes onde a competição e a comparação são comuns, como no trabalho ou nas redes sociais. A validação externa se torna uma forma de afirmar a própria identidade e importância.
Em uma sociedade que valoriza a performance e a aparência, muitas pessoas sentem-se pressionadas a se destacar. O medo de ser visto como irrelevante leva à necessidade de falar e se expor. Essa insegurança pode fazer com que as pessoas se concentrem mais em se mostrar do que em entender o outro. Esse comportamento pode se manifestar como uma dificuldade em ouvir, já que a atenção está voltada para a própria imagem e voz.
Culturalmente, muitas sociedades valorizam a assertividade e a autoconfiança. Desde cedo, somos incentivados a expressar nossas opiniões, o que pode levar a uma supervalorização da fala em detrimento da escuta. Essa ênfase na expressão pessoal pode criar um ciclo em que as pessoas se sentem compelidas a se mostrar, mesmo em interações que poderiam ser mais enriquecedoras se houvesse uma escuta ativa. Ouvir efetivamente é uma habilidade que muitas vezes não é ensinada de forma adequada. A escuta ativa requer prática e consciência, algo que nem todos desenvolvem. Em ambientes em que a comunicação é mais sobre falar do que ouvir, as pessoas podem não perceber a importância de ser humilde e dar espaço ao outro. Isso pode resultar em interações superficiais e na falta de conexões mais profundas.
A humildade é uma virtude que exige autoconhecimento e disposição para reconhecer as próprias limitações. Muitas vezes, as pessoas podem temer que a humildade seja vista como fraqueza, levando-as a adotar uma postura de defesa. Essa percepção errônea pode dificultar relacionamentos genuínos, onde a troca de experiências e aprendizados é essencial.
Para promover uma comunicação mais equilibrada, é fundamental prestar atenção total ao que o outro está dizendo, fazendo perguntas e mostrando interesse genuíno.
Em ambientes de trabalho ou grupos sociais, incentivar momentos em que todos possam compartilhar suas opiniões e experiências, promovendo um ambiente de respeito mútuo.
Reconhecer que ser humilde e ouvir o outro pode ser uma demonstração de força e confiança, não de fraqueza.
Finalizando, a necessidade de falar e aparecer pode ser compreendida através de várias lentes psicológicas e sociais. Ao cultivarmos uma prática de escuta e humildade, não apenas enriquecemos nossas relações pessoais, mas também contribuímos para um mundo mais compreensivo e empático.
Por mais que sejamos perfeitos, temos dificuldades de sermos o que somos de verdade no escurinho do nosso quarto e perante as luzes brilhantes de holofotes ou até mesmo, abrirmos com toda a sinceridade, nossa consciência a um ouvinte generoso e confiável.
Vivemos do passado, às vezes, pouco digno dos céus, contudo, pensando num futuro incerto e nos esquecendo de vigiar o presente. Segundo antes e, segundos depois, do presente já conectamos passado, presente e futuro, sem sentirmos que nada aconteceu, contudo o passado agregou nossas atitudes, o presente estará entrando para o futuro, portanto, em havendo tal continuidade, teremos a oportunidade de repararmos ou melhorarmos o que semeamos.
Nós somos artífices daquilo que o mundo se tornou, por isto, temos uma única alternativa boa, arrepender e consertar nosso quadrado e se pudermos, ajudar pelo menos, o quadrado do vizinho, caso ele queira.
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