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Opinião com Luiz Fernando Alfredo - 22/11/2024



Hoje, pagamos um preço elevado para ser um bobo feliz.

Deixando de lado os entretenimentos mais convencionais, como shows, viagens e festas, consumimos tudo o que podemos, participando de eventos particulares que, em sua maioria, são acessíveis apenas àqueles que têm poder aquisitivo. Mesmo que esses eventos envolvam custos que precisamos financiar, muitas vezes geram um estado emocional inconstante: momentos de euforia seguidos de episódios de depressão. Esse transtorno ciclotímico, de certa forma, é um fenômeno comum entre as pessoas. O que resta, no final, é um sentimento dilacerante de tédio, irrelevância e bolso vazio. Para os esnobes, sobram os prazeres enrustidos e vaidosos de um status ilusoriamente poderoso.
É inegável que todos nós temos preferências que nos causam euforia e até mesmo idolatria, ou, de uma forma mais branda, uma admiração desmedida por pessoas que se destacam devido a dons ou habilidades excepcionais nas artes, na música e nos esportes. Eventos que conseguem mobilizar massas, como o futebol, com destaque para campeonatos que custam bem menos, atraem mais pessoas felizes, dependendo dos resultados.
Falando em futebol, desde 2002, o Brasil não conta com uma seleção que consiga mobilizar e encantar a nação como antes. Esta realidade apresenta uma situação obscura que alimenta teorias da conspiração sobre a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), envolvendo denúncias de corrupção, politicagem e a famosa "cartolagem". Neste contexto, o dinheiro se torna o verdadeiro deus que, embora rarefeita em virtudes, é uma máquina que parece produzir mais corruptos do que ações nobres.
Como é possível que um país com 26 estados e um Distrito Federal, cuja extensão pode ser comparada à de 27 nações em termos futebolísticos, tenha apenas uma seleção de futebol.
Considerando a nossa suposição, poderíamos sonhar com a possibilidade de 27 seleções de futebol representando a riqueza cultural e o talento espalhado por todo o país.
Acreditávamos que a descentralização das competições, ao integrar todos os entes federativos inclusive nas divisões inferiores, e a migração tanto interna quanto externa de jogadores excepcionais maximizaram as habilidades futebolísticas, tornando-as mais uniformes em eventos como a Copa do Mundo. No entanto, hoje, a realidade é muito mais complexa do que isso.
A competição, acompanhada da obsessão em superar qualquer adversário, criou um mercado colossal de talentos excepcionais e também de muitos "cabeças de bagre". A dinâmica atual do futebol parece mais voltada ao marketing e à lucratividade do que ao espetáculo que costumávamos apreciar em grandes seleções e ícones do passado.
É fascinante observar como um jogador das categorias de base, com apenas 15, 17 ou 18 anos, pode realizar uma boa jogada que resulta em um gol, fazendo com que seu valor de mercado, que antes era praticamente insignificante, suba instantaneamente para 100 milhões. Vemos muitos jogadores emigrando para o futebol internacional, mas que logo retornam com os bolsos cheios, mesmo que a produção desses atletas não justifique o valor que foi pago por eles. A fama e a fortuna frequentemente os mantêm como ex-jogadores prolíficos, mas o que realmente se esconde por trás desse entendimento superficial?
Ainda mais impressionante é o número de jogadores importados por clubes brasileiros, mesmo quando o país já apresenta uma rica safra de talentos nascendo diariamente nas várzeas. Diante desses paradoxos, nos deparamos com algumas questões: a sorte realmente desempenha um papel significativo no futebol? E o fator psicológico? Um "perna de pau" com determinação e amor pelo jogo pode produzir mais resultado do que um craque? O valor exorbitante pago aos jogadores os impede de se entregarem nas divididas? A fama e a riqueza desviam o foco dos craques durante as partidas? Como explicar a existência de atletas cujo nome brilha mais do que suas atuações em campo? Será que as grandes equipes subestimam seus adversários ao entrarem em campo contra times considerados inferiores? A influência dos técnicos é determinante nos resultados?
Em meio a essas reflexões e incertezas, afirmamos com orgulho que somos flamenguistas apaixonados, mas não podemos deixar de notar o excesso de propaganda e idolat ração em torno do técnico Felipe Luís, a imaturidade do "Gabigol", a "cera" irritante do goleiro Rossi e a presunção de David Luiz, que tomou o pênalti do jovem Alcaraz, por nítida vaidade.
Para encerrar, é nossa convicção que os jogadores ganham somas exorbitantes de dinheiro; após alguns bons jogos, muitos se tornam mais marketeiros do que verdadeiros futebolistas. E aproveitando esse gancho, sugerimos aos responsáveis pela divulgação do futebol que, ao realizarem enquetes sobre o melhor jogador de todos os tempos, evitem ser simplistas: coloquem o Rei Pelé em primeiro lugar e depois busquem outros que se equiparem a ele, dispostos a ocupar as posições subsequentes. Pelé era um jogador completo, sem dúvida, e sua maestria era incomparável.

Luiz Fernando Alfredo

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