Pesquisa coloca trânsito do Brasil como o oitavo pior do mundo
4 de jan.
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Bernardo Teodoro da Silva, ex-motoentregador e universitário de 24 anos, viveu uma experiência traumática em 2023, quando sofreu um acidente em Belo Horizonte.
Ele foi prensado por outra motocicleta que o atingiu em alta velocidade, resultando na amputação do dedão do pé. Após 22 dias de internação, e com o apoio de seus familiares, ele decidiu vender sua moto e, atualmente, só se desloca de automóvel. Em entrevista, ele explicou que, embora a moto ofereça vantagens como economia e agilidade, o trânsito perigoso o desmotivou a continuar utilizando o veículo de duas rodas.
Esse relato reflete a realidade desafiadora do trânsito nas grandes cidades brasileiras, que, embora melhore um pouco durante o mês de janeiro devido às férias escolares, volta a ser caótico logo após. Em Belo Horizonte, por exemplo, a prefeitura estima uma redução de 9% no número de veículos em circulação durante o mês de férias.
No entanto, o cenário de trânsito no país continua perigoso e violento, como evidenciado em um levantamento realizado em setembro de 2024 pelo site Scrap Car Comparison, que classificou o Brasil como o oitavo país mais "assustador" para se dirigir, com base em critérios como desrespeito às regras de circulação.
O especialista Mauro Zilbovicius, professor da Escola Politécnica da USP, destaca que, apesar de avanços em áreas como legislação, sinalização e fiscalização, a impunidade continua sendo um dos principais problemas do trânsito no Brasil. Ele aponta que a sensação de que a Justiça não alcança os infratores é um fator que contribui para a violência no trânsito, onde, muitas vezes, o motorista se comporta de maneira agressiva e desrespeitosa, como se estivesse em um escudo invisível.
Alysson Coimbra, diretor científico da Associação Mineira de Medicina do Tráfego (Ammetra), acrescenta que o Brasil poderia estar em uma posição ainda pior nesse ranking, destacando problemas como a sinalização não universal, a malha viária esburacada, o risco de assaltos durante os trajetos e a alta impunidade. Ele também critica mudanças recentes na legislação, como o aumento do limite de pontos para a perda da CNH, e a dobragem do prazo de renovação do documento, que antes exigia consulta médica a cada cinco anos
. Segundo Coimbra, essas atitudes são sinais de um país que tolerante com os infratores, o que contribui para o crescimento da violência no trânsito.
Além disso, ele aponta que o Brasil é um dos países com maiores índices de ansiedade e depressão pós-pandemia, fatores que também contribuem para o aumento da violência no trânsito, com mais acessos de fúria e acidentes graves.
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