Piscicultura impulsiona economia e coloca Morada Nova de Minas no topo da produção nacional
- gazetadevarginhasi
- 27 de mar.
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Morada Nova de Minas lidera produção nacional de tilápia e impulsiona mercado de pescado.
Minas Gerais pode não ter mar, mas se destaca na piscicultura graças à abundância de rios e lagos. No município de Morada Nova de Minas, localizado na região Central do estado, a criação de tilápias se consolidou como um dos principais motores da economia local. O município é hoje o maior produtor da espécie no Brasil, alcançando uma produção anual de 20 mil toneladas, o que corresponde a 44% do volume estadual e quase 4% da produção nacional, segundo dados do IBGE.
A atividade, que teve início em 2002 com um projeto-piloto da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Paranaíba (Codevasf), contou com o apoio técnico da Emater-MG desde as primeiras etapas. A instituição foi responsável por capacitar os produtores e fornecer assistência técnica, além de viabilizar tanques, alevinos e ração, especialmente nos primeiros anos da produção. Hoje, a Emater-MG auxilia na elaboração de projetos de crédito rural e orientações para regularização ambiental.
Com clima favorável, temperatura média estável de 28°C e água de qualidade, Morada Nova de Minas se tornou referência nacional na piscicultura. O produtor Carlos Júnior, que acompanhou a evolução do setor desde o início, destaca o crescimento da atividade. “Meu pai começou com dois tanques pequenos. Eu cresci nesse ambiente e, em 2010, me especializei na reprodução e criação de tilápias. Atualmente, produzimos cerca de 8 milhões de alevinos e 3 milhões de peixes juvenis por ano”, relata.
A localização estratégica do município, próximo a grandes mercados consumidores como Belo Horizonte, Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro e até o Nordeste, também contribui para o sucesso da atividade.
Processamento e mercado em expansão
Após a fase de crescimento, os peixes juvenis são comercializados para produtores especializados na engorda, processo que dura de quatro a cinco meses. Quando atingem o tamanho ideal, são encaminhados para frigoríficos, onde são processados e distribuídos para o mercado consumidor. Atualmente, Morada Nova de Minas conta com 18 frigoríficos inspecionados, que processam cerca de 51% da produção local.
O empresário Washington Luís da Costa, dono do principal frigorífico do município, investiu na verticalização do negócio, integrando todas as etapas da cadeia produtiva. Seu frigorífico, certificado pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) e pelo Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (SISBI), tem capacidade para processar 12 toneladas de tilápia por dia e lidera o mercado em Minas Gerais e no Espírito Santo.
Segundo ele, a tilápia está mudando os hábitos alimentares dos brasileiros. “O filé congelado revolucionou o consumo de pescado. É prático, sem cheiro forte e fácil de preparar. São dois tapas na frigideira e está pronto”, explica.
O futuro do setor é promissor. Apesar do crescimento, o consumo de peixe per capita no Brasil ainda é inferior ao de outras proteínas animais, o que abre espaço para expansão do mercado interno e para a exportação. “O potencial de crescimento é imenso, e estamos preparados para levar a tilápia mineira para diversos países”, conclui Washington Luís.
Tilápia em Minas Gerais: números do setor
Peixe mais cultivado no estado e no país
Produção estadual: 58,2 mil toneladas em 2023
Crescimento: 13% em relação a 2022
Minas Gerais ocupa o 3º lugar na produção nacional
Demanda em alta, impulsionada pelo interesse crescente dos consumidores
Fonte: Agência Minas
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