Polícia desmantela esquema de venda de carne podre maquiada como produto nobre no Brasil
24 de jan.
A Polícia Civil desvendou um esquema criminoso que envolvia a venda de carne estragada como se fosse produto nobre importado do Uruguai. A investigação apontou que a empresa Tem Di Tudo Salvados, localizada em Três Rios (RJ), comercializava toneladas de carne que haviam sido submersas durante uma enchente histórica no Rio Grande do Sul. O material, que deveria ter sido transformado em ração animal, foi maquiado para esconder os sinais de podridão antes de ser distribuído.
De acordo com o delegado Wellington Vieira, a empresa lavava as peças para retirar lama e colocava o produto em embalagens falsificadas, simulando marcas uruguaias. A carne adulterada foi revendida para diversos frigoríficos e mercados no Brasil. Em Minas Gerais, um lote chegou a ser oferecido de volta para o mesmo produtor que havia perdido o material meses antes na enchente.
“Até agora, descobrimos que 32 carretas saíram do Sul com a carne imprópria, levando o material para diferentes estados do Brasil. Todas as pessoas que consumiram esses produtos correram risco de vida, já que carne submersa em lama apresenta condições altamente prejudiciais à saúde”, destacou o delegado.
Além disso, a polícia encontrou na sede da empresa centenas de medicamentos vencidos, testes de Covid expirados e outros produtos impróprios, como cigarros e itens de beleza. Todo o material foi inutilizado e descartado.
As investigações revelaram que a Tem Di Tudo Salvados comprou as 800 toneladas de carne estragada por apenas R$ 80 mil, mas lucrou milhões ao revender o material adulterado. “A carne boa teria um valor de mercado de R$ 5 milhões, mas o esquema criminoso gerou lucros expressivos com a fraude”, afirmou Wellington Vieira.
Quatro pessoas foram presas até o momento, e os envolvidos poderão responder por crimes como associação criminosa, receptação, adulteração e corrupção de alimentos. A polícia continua rastreando outros compradores e mercados que receberam a carne.
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