Porto de São Francisco do Sul Recebe Investimento de R$ 300 Milhões para Aprofundamento de Canal
Impulsionado por cargas de soja, milho, ferro e aço, o Porto de São Francisco do Sul, no norte de Santa Catarina, tornou-se o maior do estado e receberá um investimento de R$ 300 milhões para o aprofundamento do canal. As obras permitirão a atracação de navios maiores.
Segundo a Folha de S.Paulo, no último ano, o porto liderou a movimentação de cargas entre os portos catarinenses, posicionando-se como o sétimo em movimentação de carga bruta no Brasil, atrás dos portos de Santos (SP), Paranaguá (PR), Itaguaí (RJ), Itaqui, em São Luís (MA), Rio Grande (RS) e Suape, entre Ipojuca e Cabo de Santo Agostinho (PE).
Atualmente, o porto só pode receber navios de até 310 metros de comprimento. O aprofundamento do canal externo de 14 para 16 metros permitirá a atracação de navios de até 366 metros. Em 2023, o Porto de São Francisco do Sul registrou um crescimento de 32,9% na movimentação de cargas em relação ao ano anterior e, em 2024, continua a superar outros portos catarinenses, como Navegantes e Itapoá.
Nos primeiros cinco meses de 2024, o porto movimentou 7,3 milhões de toneladas de cargas, um crescimento de 16% em comparação ao mesmo período de 2023. Em maio, a movimentação foi de 1,4 milhão de toneladas, 13% a mais que no mesmo mês do ano anterior.
Recentemente, navios com bandeiras de Hong Kong, Libéria e Malta, vindos de países como Indonésia e Emirados Árabes Unidos, atracaram no porto, sendo a maior embarcação com 229 metros de comprimento.
“Está muito restrito no Brasil hoje o recebimento de grandes navios, e será importante para o crescimento de São Francisco”, afirmou Lindomar Dutra, diretor de administração e finanças do Porto de São Francisco do Sul. Dutra destacou que, embora navios de 366 metros possam demorar para chegar após a obra, as embarcações deste tamanho, comuns no mundo, só entram em São Francisco do Sul com restrição de carga. “Os de 366 metros são navios novos, não há muitos no mercado, mas o de 336 metros, com o aprofundamento, entrará full, direto da China sem precisar descarregar em outro porto”, disse Dutra.
Em junho, o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), reuniu-se com o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, para apresentar a proposta de parceria público-privada para viabilizar a obra de alargamento e aprofundamento da Baía da Babitonga, onde estão os portos de Itapoá e São Francisco do Sul. O protocolo de intenções prevê que o Porto Itapoá custeará as obras, com retorno do investimento na forma de desconto em tarifas portuárias. Licenças ambientais do Ibama são necessárias.
A licitação para a obra deve ser lançada ainda este ano, com a primeira fase incluindo a suavização da curva do canal para maior segurança, seguida pelo alargamento e aprofundamento do canal de acesso externo para 16 metros. A previsão é de oito meses para a execução.
“Muda a realidade, eleva a competitividade do porto para que seja compatível com os grandes navios e é um modelo diferente”, afirmou Mello. “Não estamos pedindo dinheiro para o governo, não estamos usando dinheiro do governo, vamos descontar em tarifa.”
O secretário de Portos, Aeroportos e Ferrovias de Santa Catarina, Beto Martins, afirmou que o processo será um case para o país. “Santa Catarina já sabia da necessidade dessa obra há mais de dez anos. Estamos cinco gerações de navios atrasados, porque não se dava protagonismo e relevância”, disse Martins.
Em 2023, as exportações representaram 61% da movimentação do Porto de São Francisco do Sul, com destinos como China, Estados Unidos, Irã, Japão e Taiwan. As importações, que corresponderam a 39%, destacaram-se China, EUA, Omã, Rússia e Marrocos. Fundado há 69 anos, o porto movimenta principalmente soja, milho, ferro, aço e fertilizantes, além de óleos vegetais e madeiras.
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