Praga do HLB Ameaça Produção de Citros em Minas Gerais
12 de jul. de 2024
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O Huanglongbing (HLB), também conhecido como greening, representa um desafio significativo para os citricultores em todo o mundo, e em Minas Gerais não é diferente. Entre todas as culturas de citros, a tangerina é a mais vulnerável a essa doença. Segundo o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), ligado à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o avanço do HLB é particularmente agressivo nessa cultura, resultando em perdas consideráveis em apenas um ano.
Embora o limão e a laranja apresentem uma progressão mais lenta da doença, também são alvos de preocupação. O HLB não possui tratamento e é transmitido pelo psilídeo, um pequeno inseto que se propaga a partir de um ponto focal. Em resposta a essa ameaça, o IMA exige que os citricultores enviem relatórios de vistoria do HLB/greening referentes ao primeiro semestre de 2024 até 15 de julho, conforme legislação do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
Essa medida legal obriga vistorias trimestrais documentadas nos municípios afetados pelo HLB/greening e em suas áreas adjacentes. Os produtores devem contratar engenheiros agrônomos com certificação pelo Curso de Certificado Fitossanitário de Origem (CFO) oferecido pelo IMA.
A cada seis meses, os citricultores precisam enviar ao órgão um relatório detalhado das vistorias. O relatório do primeiro semestre deve ser submetido até 15 de julho, e o do segundo semestre até 15 de janeiro do ano seguinte.
"O envio dessas informações é crucial para que possamos, como autoridade oficial, monitorar a disseminação do HLB nos municípios e nas propriedades afetadas pela doença. Isso também permite que os produtores avaliem a situação da praga em seus pomares e adotem medidas adequadas de controle", explica Leonardo do Carmo, gerente de defesa sanitária vegetal do IMA.
De acordo com dados da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) de junho de 2024, Minas Gerais é o segundo maior produtor de laranja do Brasil, respondendo por 6,4% da produção nacional, o que representa mais de mil toneladas anuais, ficando atrás apenas de São Paulo, que lidera com mais de 70% da produção nacional.
Minas Gerais também se destaca como o segundo maior produtor nacional de limão, com 6,4% da produção brasileira, enquanto São Paulo lidera com 70%. Quanto à produção de tangerina, o estado ocupa a segunda posição no país, responsável por mais de 20% da produção nacional, equivalente a 225 mil toneladas por ano, sendo São Paulo o maior produtor, com 34% da produção nacional.
Dada a magnitude desses números, as medidas implementadas pelo IMA visam proteger o estado contra a praga, que, uma vez estabelecida, requer a erradicação dos pomares para evitar a propagação da doença para propriedades vizinhas, o que poderia resultar em mais prejuízos para os produtores e consequências devastadoras para a economia mineira.
"No último semestre, mais de 200 mil plantas precisaram ser destruídas em Minas Gerais devido à rápida disseminação da praga entre folhas e frutos, representando também um risco significativo para as regiões adjacentes. A presença da doença dificulta a comercialização dessas frutas, pois a indústria de sucos e os comerciantes locais evitam adquirir produtos que não atendam aos padrões de qualidade esperados", ressalta Leonardo.
Presença da Doença em Minas Gerais
Um dos principais desafios desse problema é que a planta pode ser assintomática por até dois anos, o que dificulta sua detecção. Quando os sintomas se manifestam, a doença apresenta ramos amarelados e mosaicos nas folhas, além de deformações nos frutos, onde um lado pode crescer mais que o outro e as sementes podem estar abortadas. Os vetores da doença têm preferência por folhas jovens, tornando o período chuvoso, com maior brotação, ideal para a contaminação. Durante a seca, os sintomas se agravam devido ao estresse hídrico das plantas.
Em Minas Gerais, as regiões com maior incidência do HLB incluem o Triângulo Mineiro, o Sul de Minas, o Alto Paranaíba, a Zona da Mata e a região Central, esta última especialmente afetada devido à alta produção de tangerina no estado. "A alta incidência na região Central pode ser atribuída à falta de erradicação de plantas doentes e ao controle inadequado dos vetores", afirma Leonardo.
Apesar de apresentar a menor incidência da praga em Minas Gerais, o Triângulo Mineiro registrou um aumento significativo da doença em 2023, o que preocupa o IMA, já que a região concentra mais de 60% da produção de laranja do estado, segundo o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus). Quatro municípios se destacam na região: Prata (15%), Comendador Gomes (25%), Frutal (14%) e Uberlândia (13%).
Outras Obrigações do Produtor
Além da entrega semestral do relatório de vistoria, os citricultores devem cumprir outras exigências legais, como o cadastro e inspeção das propriedades produtoras de citros, e seguir normas para a construção de viveiros de mudas cítricas. Também é essencial possuir a Permissão de Trânsito Vegetal (PTV), emitida pelo IMA após a obtenção do Certificado Fitossanitário de Origem (CFO) ou do Certificado Fitossanitário de Origem Consolidado (CFOC), com uma Declaração Adicional que confirme a isenção de HLB/greening na carga.
O trânsito de vegetais é uma preocupação constante do IMA, uma vez que mudas contaminadas podem disseminar a doença ao serem transportadas de um local para outro.
Leonardo do Carmo enfatiza a importância do cadastro das propriedades produtoras de citros no IMA, uma exigência legal fundamental para o controle e a erradicação da praga. Esse registro permite que o órgão monitore as produções no estado e tome medidas para conter possíveis focos da doença. Além das ações de controle, o IMA iniciou recentemente o projeto-piloto "Viva Citros" nas cidades de Formoso e Buritis, no Noroeste mineiro, para conscientizar os produtores sobre a importância do monitoramento dos pomares contra doenças que afetam o cinturão citrícola, além de promover o uso e armazenamento adequados de agrotóxicos para garantir a saúde das plantas no estado.
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