Produtores apostam na citricultura de montanha e formam novo polo de produção em Minas Gerais
18 de nov. de 2023
Minas Gerais é o segundo maior estado produtor de frutas cítricas do Brasil e tem apresentado um crescimento exponencial nos últimos anos. Dentre os polos citrícolas de MG, destaca-se aquele formado mais recentemente, na região montanhosa entre o Sul de Minas e o Campo das Vertentes, onde, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 2012 e 2022, a área plantada de limão, laranja e tangerina cresceu de 26 hectares para aproximadamente 977 hectares.
Atentos a esse fenômeno, pesquisadores da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) têm acompanhado o desenvolvimento da chamada “citricultura de montanha” na região, com pesquisas voltadas para a análise da qualidade dos frutos e de suas aptidões para a indústria de bebidas, tanto alcoólicas quanto não alcoólicas.
O termo citricultura de montanha não está relacionado a uma nova prática ou novo manejo, mas a um conjunto de fatores que caracteriza a produção de citros em relevos montanhosos. “Nessa região, as variações de relevo e altitude e a grande amplitude térmica [diferença de temperatura entre o dia e a noite] podem influenciar no sabor e na qualidade das frutas. A tangerina Ponkan produzida lá, por exemplo, é muito apreciada por sua doçura”, comenta a pesquisadora da EPAMIG, Ester Ferreira.
Segundo ela, a região era tradicionalmente conhecida pela produção leiteira, mas o cenário mudou em meados dos anos 2010, quando grupos empresariais começaram a migrar de São Paulo para Minas Gerais, à procura de terras com temperaturas mais amenas e livres do Greening (a mais grave e destrutiva doença entre os citros), que já havia comprometido grande parte da citricultura paulista. “O relevo montanhoso do sul mineiro não foi um impeditivo para o avanço da citricultura, que se adaptou muito bem, especialmente a tangerina. Isso atraiu investimentos e gerou também um aumento de renda na região, pois a citricultura demanda mão de obra durante quase todo o ano e ocupa áreas produtivas que estavam antes ociosas”, explica Ester Ferreira.
Alta produtividade e qualidade
Segundo o produtor, os 1.000 metros de altitude do município favorecem a produtividade, qualidade, rendimento dos sucos e coloração dos frutos, além de quebrar o ciclo de algumas pragas e doenças, como Cancro, Leprose e Pinta-preta. “Nossas plantas adultas produzem cerca de 70 a 80 toneladas de frutos por hectare ao ano. Quando saímos de São Paulo, há quase 10 anos, nossa produção era de cerca de 40 a 50 toneladas por hectare ao ano. Além disso, as frutas produzidas em Minas também são mais livres de defensivos agrícolas”, detalha Simonetti.
“É importante lembrar dos outros polos citrícolas que o estado de Minas possui, como o polo produtor de limão no Norte de Minas e o de produção de laranjas para indústria de sucos no Triângulo Mineiro. Isso prova que a diversidade ambiental e as variações de topografia e relevo de Minas Gerais são muito propícias para a citricultura e têm gerado bons frutos, literalmente”, conclui Ester Ferreira.
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