Quedas São a Principal Causa de Atendimentos no Hospital João XXIII: Desafios e Prevenção
Nos últimos dez anos, as quedas da própria altura têm sido a principal causa de atendimentos no Hospital João XXIII (HJXXIII), parte do Complexo Hospitalar de Urgência e Emergência da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig). Entre 2014 e 2023, 72.284 pessoas foram atendidas devido a esse tipo de acidente, o que representa uma média de 20 casos por dia.
O Hospital João XXIII é uma referência em Minas Gerais para o tratamento de traumas graves, contando com mais de 2,3 mil profissionais de saúde. O hospital oferece uma assistência integral que abrange várias especialidades médicas, como fisioterapeutas e técnicos em radiologia. Entre os profissionais, há cerca de 60 cirurgiões gerais, 60 ortopedistas e traumatologistas, além de neurocirurgiões e cirurgiões buco-maxilo-faciais, que se revezam em plantões de 24 horas.
Estatísticas
Além das quedas, os acidentes envolvendo corpos estranhos foram a segunda principal causa de atendimento, com 54.077 casos, seguidos por acidentes com motocicletas, que totalizaram 47.746 atendimentos na última década. No primeiro semestre de 2024, o hospital registrou 5.032 atendimentos devido a quedas, uma média de 800 por mês.
As principais vítimas de quedas são mulheres com 61 anos ou mais, totalizando 12.720 atendimentos divididos entre as faixas etárias de 61 a 70 anos (5.046 casos), 71 a 80 anos (3.984 casos), e 81 anos ou mais (3.690 casos). Curiosamente, a faixa etária de 51 a 60 anos apresentou o maior número de ocorrências em dez anos, com 6.205 casos.
No primeiro semestre de 2024, as quedas afetaram 4.369 pessoas, uma média de 24 atendimentos diários, sendo que 56,5% das vítimas eram mulheres. As mudanças sociais, como o envelhecimento populacional e a maior longevidade das mulheres, ajudam a explicar essa prevalência.
O cirurgião geral Romulo Andrade Souki, do HJXXIII, destaca que idosos são mais propensos a quedas devido a alterações anatômicas e fisiológicas associadas ao envelhecimento, como diminuição da força muscular, redução da acuidade visual, e menor capacidade de reação.
Entre as crianças, os meninos são mais propensos a quedas, representando 57,8% dos 491 atendimentos de 2024 no pronto-socorro, com 237 casos de crianças de 0 a 5 anos e 254 de 6 a 11 anos. Entretanto, entre idosos, as mulheres são predominantes nos atendimentos por quedas.
Casos
As quedas podem ocorrer tanto dentro quanto fora de casa. Maria de Lourdes Costa, 84 anos, sofreu duas quedas em menos de um mês, ambas dentro de casa, resultando em fraturas na testa e no fêmur. Já o pedreiro Adivaldo Dias Ribeiro, 50 anos, teve várias quedas ao longo dos anos, incluindo uma que resultou em uma fratura no pescoço.
Prevenção
Após as experiências traumáticas, Maria de Lourdes aprendeu que medidas simples, como evitar tapetes escorregadios e escadas desprotegidas, podem prevenir quedas. A prática de exercícios físicos é recomendada para fortalecer a musculatura e melhorar a coordenação motora, especialmente para idosos.
Outras medidas de prevenção incluem: atenção aos pisos molhados, instalação de corrimãos, iluminação adequada em todos os cômodos, e evitar calçados de salto alto. Em ambientes externos, é importante evitar calçadas irregulares e ruas mal iluminadas, além de atravessar sempre nas faixas de pedestres.
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