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Regiões brasileiras têm diferentes desafios na acolhida a imigrantes

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O mais recente relatório do Observatório das Migrações Internacionais (Obmigra), que será completamente divulgado na próxima semana, revela que as cinco regiões do Brasil enfrentam desafios distintos no acolhimento de estrangeiros que optam por viver no país.

Durante o lançamento de um resumo dos dados no Ministério da Justiça, o professor Leonardo Cavalcanti, da Universidade de Brasília, destacou que "uma política pública para imigrantes no Nordeste deve ser diferente da que se aplica no Norte, Sul e Sudeste, e a formulação dessas políticas deve ser baseada em evidências". O evento, realizado em comemoração ao Dia Internacional dos Migrantes, celebrado nesta quarta-feira (18), apresentou o relatório intitulado “As Dinâmicas Migratórias nas Macrorregiões do Brasil”.

O estudo anual do Obmigra abrange o período de 2022 até o primeiro semestre de 2024 e oferece uma análise aprofundada sobre as dinâmicas migratórias nas diversas regiões do país. A pesquisa contou com dados e colaborações dos ministérios da Justiça, Trabalho e Emprego, e Relações Exteriores, além de informações da Polícia Federal e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Também foram utilizados dados do Cadastro Único (CadÚnico) para avaliar o acesso dos imigrantes a benefícios sociais.

Brasília - Professor Leonardo Cavalcanti, da OBMigra/UNB, na apresentação de relatório anual - Wilson Dias/Agência Brasil
Brasília - Professor Leonardo Cavalcanti, da OBMigra/UNB, na apresentação de relatório anual - Wilson Dias/Agência Brasil
Diferenças
O pesquisador da Universidade de Brasília (UnB), Leonardo Cavalcanti, aponta que a forma como os imigrantes se inserem no mercado de trabalho, na educação e solicitam benefícios sociais por meio do Cadastro Único (CadÚnico), além da diversidade de nacionalidades, varia significativamente entre as regiões do Brasil. Ele destaca que os dados baseados em evidências permitem que os gestores e formuladores de políticas públicas conduzam as ações de maneira mais racional e eficaz.

Cavalcanti também observa que, embora a Região Norte seja a principal porta de entrada para imigrantes, ela enfrenta maiores desafios em termos de acesso a benefícios e políticas públicas, o que faz com que muitos imigrantes permaneçam pouco tempo nesses estados. "A Região Norte é, atualmente, a principal via de entrada para os venezuelanos, por exemplo", explica.

Desafios
Jonatas Pabis, coordenador de imigração laboral do Ministério da Justiça, concorda que a maioria dos imigrantes entra no Brasil pela Região Norte, mas acaba se estabelecendo no Sul, especialmente em áreas como o oeste de Santa Catarina, oeste do Paraná e Mato Grosso do Sul, onde atuam predominantemente na parte final da cadeia agroindustrial.

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“O relatório pode ajudar a refletir sobre os desafios de realizar a regularização migratória e o acolhimento na Região Norte, que enfrenta dificuldades logísticas, além da necessidade de garantir os direitos e a integração desses imigrantes nas regiões Sul e Sudeste”, afirma Pabis.

Venezuelanos
O pesquisador Leonardo Cavalcanti destaca que as migrações haitiana, nos primeiros anos da década passada, e venezuelana, a seguir, marcaram o fluxo migratório para o Brasil. "Os venezuelanos superaram os haitianos em todos os registros. Eles ultrapassaram nossas migrações tradicionais, como as de portugueses e pessoas do norte global. Agora, observamos um movimento crescente de imigrantes da África, Sudeste Asiático e América Latina", comenta.

Jonatas Pabis acredita que o Brasil é um país acolhedor, tanto pela sua identidade cultural quanto pela sua legislação robusta, alinhada com os mecanismos internacionais de proteção aos direitos humanos. “Atualmente, vemos um número crescente de pessoas de diversas partes do sul global interessadas em recomeçar suas vidas no Brasil. Os dois maiores grupos de imigrantes, haitianos e venezuelanos, são movimentos recentes, dos últimos 20 anos”. Ele ressalta que a possibilidade de regularização migratória está alinhada com a proteção dos direitos humanos e observa que essa questão se tornou ainda mais evidente após a pandemia, com a busca por trabalho no Brasil.

TrabalhoNa Região Sudeste, a mais populosa do país, o número de trabalhadores imigrantes aumentou 10,4% entre 2022 e 2023, passando de 73,9 mil para 81,5 mil. Entre janeiro e junho de 2024, os pesquisadores apontam que a tendência é de crescimento contínuo, com o estoque de trabalhadores atingindo 87,5 mil.

Em relação ao mercado de trabalho, os estudiosos também observaram que a Região Sul tem recebido um número crescente de imigrantes, especialmente venezuelanos. Além disso, notaram que a maioria dos imigrantes empregados está inserida em setores que exigem grande mão de obra, como no abate de aves e suínos.

Fonte: Agência Brasil

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