Saiba quem é o advogado que falou sobre recompensa de R$ 3 milhões por morte de delator do PCC
18 de dez. de 2024
Reprodução
Na terça-feira, 17, o advogado Ahmed Hassan Saleh, conhecido como Mude, foi preso como parte da Operação Tacitus, realizada pela Polícia Federal e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo.
Essa operação investiga esquemas de corrupção policial e lavagem de dinheiro ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC). Além de Mude, também foram presos o delegado Fábio Baena e os investigadores Eduardo Lopes Monteiro, Marcelo Ruggieri e Marcelo Bombom. O policial Rogério de Almeida Felício, um dos alvos, está foragido.
A defesa de Mude reagiu à prisão, afirmando que foi tomada com "imensa surpresa" e que está buscando medidas judiciais para "revogar a ilegal prisão temporária". Eles alegam que estão tentando criminalizar o advogado por ações de seus clientes e que algumas das acusações já foram investigadas e esclarecidas pela Justiça.
Mude já havia sido gravado em um áudio, onde discutia um prêmio de R$ 3 milhões pela morte do delator Antonio Vinicius Lopes Gritzbach, que foi executado no Aeroporto de Guarulhos. Gritzbach havia delatado o esquema de lavagem de dinheiro do PCC e, em sua colaboração com o Gaeco, entregou uma gravação de uma conversa entre Mude e um policial, onde ambos falam sobre aumentar o valor da recompensa pela morte de Gritzbach.
Em uma gravação realizada pelo próprio Gritzbach, Mude concorda com o aumento do prêmio, perguntando se o valor de R$ 3 milhões seria adequado, com o policial respondendo positivamente. A gravação indicou que essa proposta teve o apoio da cúpula do PCC.
Mude já havia sido alvo de outras grandes operações, como a Fim da Linha, que investigou a infiltração do crime organizado no setor público municipal, e a Decurio, que tratou da infiltração do PCC nas eleições municipais em São Paulo. Durante a Operação Fim da Linha, Mude foi apontado como peça-chave em um esquema de lavagem de dinheiro envolvendo a empresa de ônibus UPBus, que ele havia ajudado a controlar, e também é investigado por adquirir imóveis de luxo na região do Tatuapé, em São Paulo, uma área conhecida pela presença de atividades criminosas.
Na Operação Decurio, Mude foi acusado de usar sua profissão de advogado para proteger as atividades ilícitas do PCC, ajudando na lavagem de dinheiro e no tráfico de drogas. Como resultado dessa operação, foi decretado o bloqueio de R$ 8,1 bilhões de bens relacionados ao PCC, a maior medida de sequestro já tomada contra membros da facção.
Além de Mude, a Operação Tacitus também resultou na prisão de Baena, Lopes Monteiro, Ruggieri e Bombom, que estão sendo investigados por envolvimento em esquemas de corrupção e lavagem de dinheiro. A defesa de Baena e Lopes Monteiro considerou suas prisões como "arbitrariedade flagrante", pois, segundo eles, os dois haviam se apresentado espontaneamente às autoridades. A defesa de Ruggieri ainda não teve acesso aos detalhes do processo, mas considera a prisão prematura.
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