Stalking cresce 60% em Minas com destaque para perseguição de desconhecidos
12 de ago. de 2023
Foto: Free pik
Os casos de stalking - crime de perseguição - cresceram 60% em Minas Gerais de janeiro a junho deste ano em comparação com o mesmo período de 2022. Em mais da metade dos casos, de acordo com dados do Observatório de Segurança Pública da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), a vítima é ex-companheira do autor.
Segundo os dados da Sejusp, em todo o ano de 2022, foram 3.664 casos de stalking, sendo 1.502 entre janeiro e junho. Neste ano, nos primeiros seis meses, foram 2.402, um aumento de 59,9%. Dos aproximadamente 2.400 casos em 2023, em 1.250 (52%) as vítimas eram ex-companheiras dos agressores. Em segundo lugar, um dado curioso: por 301 vezes, o autor não tinha nenhum relacionamento com a pessoa perseguida.
A delegada Cristiana Angelini, da Divisão de Crimes Cibernéticos de Belo Horizonte, explica que o stalking é definido como o ato de “perseguir alguém reiteradamente por qualquer meio, ameaçando a integridade física ou psicológica”. Desde 2021, a prática é considerada crime, já que anteriormente era tida apenas como uma contravenção penal. Atualmente, a pena varia de seis meses a dois anos e, em situações mais graves, como se cometida contra criança, adolescente ou idoso, pode ser aumentada.
“O stalker é alguém que persegue ou monitora uma pessoa de forma repetida e indesejada que vai causar medo e desconforto nessa pessoa. Geralmente também é motivado por uma obsessão e um desejo de controle sobre a vítima. Importante destacar que o stalker pode ter várias formas de comunicação, pode ser o acompanhamento físico ou mensagens de texto, e-mail e redes sociais”, detalhou a delegada. Cristiana considera que essa forma de perseguição obsessiva acontece muito e “cresce a cada dia por meio da internet e outras tecnologias digitais”.
Redes sociais pioram perseguição
Para o detetive Fellipe Augusto, um dos fatores que influenciaram no aumento de 60% nos crimes de stalking no Estado é a confiança na impunidade. Principalmente com a ampliação dos ataques por perfis falsos, que não identificam os agressores. “A impunidade diante desses crimes acaba enfraquecendo as vítimas e facilitando para os stalkers. Na maioria das vezes, as vítimas não sabem como agir e se defender e acabam se silenciando. Quando a pessoa se identifica é mais fácil, o anonimato é um desafio nesse tipo de crime”, analisa.
De fato, segundo a delegada, quando os crimes são cometidos no formato virtual, os autores podem coletar informações pessoais sobre a vítima e, com isso, podem passar a espalhar boatos difamatórios e enviar mensagens ameaçadoras, criando perfis falsos.
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