Sul de Minas desperta atenção na corrida pela exploração de terras raras: entenda os motivos

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A diversidade geo-mineralógica do Planalto de Poços de Caldas está despertando grande interesse no desenvolvimento de fontes de terras raras no Brasil. Em menos de um ano, duas empresas australianas direcionaram sua atenção para a região, planejando investir um total de R$ 2,4 bilhões em atividades de mineração.

Essa corrida pelo potencial mineral do Planalto é impulsionada pela crescente importância dos minerais, especialmente em relação ao avanço tecnológico. Para muitos pesquisadores e investidores, os elementos conhecidos como terras raras são considerados o "ouro ou petróleo do século XXI".

O interesse na região é justificado pela abundância de recursos, incluindo depósitos significativos de terras raras, elementos essenciais para diversas indústrias, como tecnologia, eletrônicos e energia renovável. Além disso, a crescente demanda por esses minerais torna a exploração uma oportunidade lucrativa para suprir as necessidades de matéria-prima.

A localização estratégica do Planalto de Poços de Caldas, na divisa entre Minas Gerais e São Paulo, e seu potencial econômico destacam ainda mais a região como uma área altamente vantajosa para investimentos no setor de mineração.

O que são terras raras?

Terras raras são um grupo de 17 elementos químicos encontrados na natureza, geralmente associados a minérios de difícil extração. Esses minerais são obtidos em locais específicos do planeta e são utilizados em uma variedade de setores industriais para a fabricação de diversos produtos.

A extração desses elementos geralmente ocorre misturada a outros minérios, sendo necessários processos complexos de separação. Quanto maior o teor encontrado, mais viável se torna sua extração. Esses elementos são usados em uma ampla gama de produtos, desde celulares até dispositivos a laser, passando por componentes de aviões, telas de LCD, placas solares, turbinas eólicas, dispositivos de raio-x e carros elétricos.

Assim como o ouro e o petróleo impulsionaram economias e moldaram relações internacionais no século XX, as terras raras têm o potencial de desempenhar um papel semelhante no século XXI, devido à sua importância tecnológica, escassez relativa e impacto geopolítico.

Localização, riquezas e potencialidades

O Planalto de Poços de Caldas está localizado na borda ocidental da Serra da Mantiqueira, abrangendo partes dos municípios de Poços de Caldas, Caldas e Andradas, em Minas Gerais, além de Águas da Prata, no estado de São Paulo. Esta região é conhecida por sua extensa formação alcalina e suas mineralizações únicas, incluindo depósitos de zircônio uranífero e urânio associado ao molibdênio.

A área é marcada por uma intrusão de rochas alcalinas que ocorreu há milhões de anos, elevando o terreno a mais de 500 metros acima do nível do mar e formando uma grande caldeira, conhecida como Planalto de Poços de Caldas. Essa caldeira é delimitada por serras que cercam as bordas do antigo vulcão.

Estudos realizados na região destacam não apenas a extensão da área e a complexidade mineralógica das rochas, mas também seu status como uma província mineral de renome mundial. Além das riquezas minerais, as águas sulfurosas termais presentes na região também são um atrativo, atraindo turistas em busca de tratamentos medicinais e estéticos.

Interesses e

oportunidades

Com a transição para fontes de energia renovável, o mundo está cada vez mais dependente de minerais essenciais, como as terras raras. Historicamente dominada pela China, a produção desses minerais tem despertado interesse em outras nações, que buscam fontes alternativas de suprimento.

O Brasil, com suas vastas reservas minerais, está sendo considerado um potencial grande produtor de terras raras. Projetos de viabilidade de mineração estão sendo desenvolvidos em várias regiões do país, incluindo Araxá, Morro do Ferro, Serra Verde, Pitinga, Foxfire e Energy Fuels.

Projetos e expectativas

O Projeto Caldeira, da Meteoric Resources NL, e o Projeto Colossus, da Viridis Mineração e Minerais, são dois empreendimentos que estão atualmente em fase de desenvolvimento na região do Planalto de Poços de Caldas. Com investimentos combinados de R$ 2,4 bilhões, esses projetos visam explorar os depósitos de terras raras na área.

Embora esses investimentos sejam considerados "verdes e sustentáveis" pela indústria, há preocupações quanto ao impacto ambiental e aos custos envolvidos no processo de mineração. No entanto, a exploração de terras raras tem o potencial de posicionar Minas Gerais como um dos principais produtores desse mineral no mundo, assim como ocorre com o lítio.

Atualmente, as empresas estão avançando com as etapas de sondagem e agilizando os processos para obter as licenças ambientais necessárias.

A expectativa é que esses projetos estejam operacionais entre 2027 e 2028, contribuindo significativamente para a economia regional e nacional.

Fonte: G1