Tarifaço de Trump pode criar oportunidades para o Brasil
gazetadevarginhasi
6 de fev.
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou no sábado (1º) a imposição de tarifas de importação sobre produtos do Canadá, México e China. No entanto, na segunda-feira (3), ele adiou as taxas para seus vizinhos após negociações com seus respectivos líderes e indicou que deve conversar com a China nas próximas 24 horas.
Durante sua campanha eleitoral, Trump havia prometido adotar uma política comercial rígida, o que inclui a possibilidade de taxar países do Brics, como o Brasil, caso esses países sigam com planos de substituir o dólar em suas transações. Apesar dessas ameaças, especialistas ouvidos pela CNN apontam que o Brasil pode se beneficiar da situação. Leandro Consentino, cientista político e professor do Insper, explica que o Brasil pode tirar proveito de duas formas: uma seria substituindo as exportações dos EUA para outros países, como a China, que poderia comprar grãos do Brasil em vez dos EUA. A outra seria preenchendo as lacunas nas importações dos EUA, caso os Estados Unidos deixem de comprar insumos do México, por exemplo, e passem a adquirir do Brasil.
Davi Lelis, sócio da Valor Investimentos, também vê uma oportunidade para o Brasil se posicionar como um país amigável para negociações, aproveitando a reconfiguração das cadeias de suprimento global, especialmente em um contexto onde muitos países buscam se afastar da globalização. Lelis também observa que as tarifas mais altas nos EUA podem gerar um clima de incertezas e redirecionar investimentos para países emergentes, como o Brasil.
Porém, o maior ganho imediato para o Brasil, segundo Lelis, é o fato de não ter sido impactado pelas tarifas anunciadas até agora. O economista Robson Gonçalves, da Fundação Getulio Vargas (FGV), acredita que, se as tarifas não atingirem diretamente o Brasil ou o Mercosul, o Brasil pode se tornar uma plataforma de acesso ao mercado dos EUA, caso as empresas chinesas decidam utilizar o país para esse fim.
Por fim, Denis Medina, professor da Faculdade do Comércio, ressalta que o agronegócio brasileiro, em particular, pode se beneficiar desse cenário, especialmente se o setor conseguir agregar mais valor às suas exportações.
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