Taxa de juros alta no Brasil afeta investimentos industriais em inovação
- gazetadevarginhasi
- 29 de jul. de 2024
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Na próxima terça-feira (30), Brasília será palco da 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI), cujo objetivo é desenvolver uma nova estratégia nacional para todas as áreas de conhecimento.
O físico Sérgio Rezende, ex-ministro da pasta (2005-2010) e secretário-geral da conferência, explicou que o presidente Lula encarregou a equipe de estudar o cenário atual de ciência, tecnologia e inovação para propor uma estratégia e contribuir com um plano de ação.
Um dos principais focos da CNCTI é a reindustrialização e o apoio à inovação nas empresas. Desde o início dos anos 1980, a participação da indústria de transformação no Produto Interno Bruto (PIB) diminuiu, caindo de 13,75% em 2010 para 11,33% em 2021.
Rezende destacou a necessidade de um conjunto de medidas para que empresários, especialmente os mais jovens, se convençam dos resultados e tomem atitudes para recuperar o sistema industrial do Brasil, que já teve uma participação no PIB duas vezes maior do que atualmente.
Ele atribui a desindustrialização brasileira à ascensão da manufatura chinesa, que produz produtos mais baratos, levando empresas a substituírem componentes fabricados localmente por peças importadas. Além disso, a alta taxa de juros no Brasil desencoraja as empresas a pegarem empréstimos para expandir, fazendo com que muitos empresários invistam no mercado financeiro em vez de em suas próprias empresas.
Atualmente, o Brasil tem a segunda maior taxa de juros real do mundo, atrás apenas da Rússia e acima de países como México, África do Sul e Colômbia. Rezende defende a redução da taxa de juros para fomentar a inovação e o crescimento.
As discussões sobre reindustrialização e neoindustrialização na CNCTI foram precedidas por 13 seminários preparativos organizados pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e mais de 200 encontros e conferências locais e setoriais. Além da reindustrialização, a conferência abordará a recuperação, expansão e consolidação do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação; programas e projetos estratégicos nacionais; e o desenvolvimento social.
Embora a produção científica do Brasil tenha avançado desde meados da década de 1990, houve uma queda de 7,4% nos artigos publicados entre 2021 e 2022. O país também enfrenta a fuga de cérebros e forma um número reduzido de doutores, cinco vezes menos que a média da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Foto: AgenciaBrasil
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