Trump deseja tomar o controle do Canadá, da Groenlândia e do Canal do Panamá? Compreenda a situação.
10 de jan.
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O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, não descartou, nesta terça-feira (7), a possibilidade de ações militares para assumir o controle do Canal do Panamá ou da Groenlândia.
Embora a coletiva de imprensa que ele concedeu em sua residência na Flórida tivesse como principal tema um investimento bilionário dos Emirados Árabes para a construção de centros de dados nos Estados Unidos, Trump mencionou brevemente esse assunto e abordou outros temas por mais de uma hora.
Quando questionado sobre a possibilidade de usar as Forças Armadas para anexar o Canal do Panamá, uma via essencial para o comércio global, e a Groenlândia, um território autônomo da Dinamarca, Trump respondeu: "Posso dizer o seguinte: precisamos deles por razões de segurança econômica.
Não vou me comprometer com isso. Pode ser que tenhamos que fazer algo." O presidente também mencionou o Canadá e expressou seu desejo de integrar o país à União Americana.
"Desde que vencemos as eleições, a percepção do mundo é diferente. Pessoas de outros países me telefonaram e disseram: 'Obrigado, obrigado'", afirmou Trump, enquanto detalhava sua agenda para os próximos quatro anos. Ele sugeriu que eliminar a "fronteira artificialmente traçada" entre os Estados Unidos e o Canadá seria benéfico para a segurança nacional.
Após o anúncio da renúncia do primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, Trump declarou que o Canadá deveria se juntar aos Estados Unidos, comentário que gerou irritação no país vizinho. "Os comentários de Trump mostram uma falta de compreensão total do que torna o Canadá um país forte. Não recuaremos jamais diante das ameaças", escreveu no X a chanceler canadense, Melanie Joly.
Trudeau também respondeu: "O Canadá jamais fará parte dos Estados Unidos."
Trump já havia manifestado anteriormente o desejo de recuperar o Canal do Panamá, inaugurado em 1914 pelos Estados Unidos, caso o preço do pedágio para os navios americanos não fosse reduzido. Nesta terça-feira, ele voltou a criticar o acordo que, em 1999, transferiu o controle do canal para o Panamá.
Antes do Natal, Trump também afirmou que, "por questões de segurança nacional e liberdade global", os Estados Unidos precisavam do controle da Groenlândia. O território, que tem um governo próprio, é parte do Reino da Dinamarca, e fica entre a América do Norte e a Europa.
Donald Trump Jr., filho do presidente eleito, visitou a Groenlândia como turista nesta terça-feira, dizendo que não tinha reuniões oficiais agendadas, mas ressaltou que eliminar a "fronteira artificialmente traçada" entre os Estados Unidos e o Canadá seria uma grande contribuição para a segurança nacional.
O Panamá também reagiu às declarações de Trump, reafirmando que a soberania sobre seu canal interoceânico "não é negociável". "É parte de nossa história de luta e uma conquista irreversível", declarou o chanceler panamenho, Javier Martínez-Acha. Ele também afirmou que "as únicas mãos que controlam o canal são panamenhas e continuarão sendo assim", desmentindo alegações de Trump sobre a presença de soldados chineses operando o canal, que conecta os oceanos Pacífico e Atlântico e é vital para 5% do comércio marítimo mundial.
O Canal do Panamá, construído pelos Estados Unidos e inaugurado em 1914, foi transferido para o Panamá em 1999, após a assinatura de tratados em 1977 entre o ex-presidente americano Jimmy Carter e o líder panamenho Omar Torrijos.
Embora a entrega tenha sido formalizada, uma emenda aos tratados permite que os Estados Unidos recuperem o canal se considerarem que ele está sob ameaça. O chanceler panamenho destacou ainda que o canal tem a missão de servir ao comércio global e reiterou o compromisso do Panamá em não se envolver em conflitos internacionais.
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