Zema desconstrói políticas sociais e favorece empresários, apontam especialistas
A gestão de Romeu Zema (Novo) em 2024 tem sido marcada por uma série de medidas polêmicas, que, segundo especialistas e servidores públicos, enfraquecem o Estado social e priorizam os interesses privados. Entre os principais atos do governador estão o Regime de Recuperação Fiscal (RRF), a flexibilização de políticas ambientais, a privatização de estatais e a reformulação do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg).
Desde o início de seu segundo mandato, Zema tem enfrentado críticas por sua postura em relação ao setor público, com especialistas apontando que suas decisões comprometem o investimento em serviços essenciais para a sociedade, em benefício de grandes empresários.
Uma das medidas mais controversas foi a adesão ao RRF, utilizado para negociar a dívida do Estado com a União, atualmente estimada em R$ 160 bilhões. De acordo com João Paulo Dellasta, especialista em comportamento político pela UFMG, a proposta de Zema prejudica os servidores públicos. "Com os reajustes previstos de apenas 3%, a inflação anual de 6% fará os salários perderem poder de compra ao longo dos anos, impactando diretamente a qualidade de vida dos trabalhadores", critica Dellasta.
Privatizações e reestruturações no funcionalismo
Outro ponto controverso da administração de Zema é a tentativa de privatização de importantes estatais mineiras, como a Cemig e a Copasa. O governo também propôs a extinção da exigência de referendo popular para autorizar a venda de empresas públicas. Para Jairo Nogueira, presidente da CUT-MG, o objetivo de Zema é desmontar as estatais para justificar sua privatização, apesar dos trabalhadores dessas empresas não serem os responsáveis pelos problemas de gestão.
Além disso, a proposta de reajuste na contribuição dos servidores ao Ipsemg também tem gerado preocupações, especialmente entre os trabalhadores com menores salários. Nogueira destaca que essa medida afetaria negativamente quem já enfrenta dificuldades financeiras no setor público.
Educação e Meio Ambiente: Desmonte e privatização
Na área educacional, o Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCE-MG) suspendeu o projeto "Somar", que visava credenciar organizações da sociedade civil para gerenciar escolas públicas. A decisão foi comemorada pelos educadores, que temiam a privatização do sistema educacional mineiro.
No setor ambiental, Zema tem sido criticado pela flexibilização de políticas para favorecer mineradoras. A decisão de autorizar a Fleurs Global a operar na Serra do Curral, mesmo com múltiplas infrações ambientais, é vista como um retrocesso pela ambientalista Jeanine Oliveira. "Zema facilita o licenciamento de atividades mineradoras sem considerar os impactos ambientais", afirma Oliveira, destacando os danos causados pela mineradora à região.
O futuro político de Zema
João Paulo Dellasta observa que o segundo mandato de Zema é marcado por polêmicas relacionadas à sua ideologia de direita e sua busca por uma menor intervenção do Estado na economia. Zema tem se projetado como um possível candidato à presidência em 2026, através de ações e viagens apoiadas por entidades privadas, consolidando sua imagem de gestor eficiente.
Contudo, o especialista considera cedo para prever qual político da direita terá maior destaque na disputa presidencial. Jairo Nogueira, por sua vez, reforça que a população continuará a resistir ao modelo de governo de Zema, que, segundo ele, privilegia os interesses de grandes empresários e prejudica as camadas mais pobres da sociedade.
"Continuaremos na luta por um Estado que priorize o bem-estar social e não os interesses de uma minoria privilegiada", finaliza Nogueira.
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