Brasil tem 80% da população em municípios abaixo da meta de vacinação, aponta Anuário VacinaBR 2025

O Brasil enfrenta um sério desafio em seu sistema de imunização: 80% da população vive em municípios que não atingem as metas de vacinação, segundo o Anuário VacinaBR 2025, lançado pelo Instituto Questão de Ciência (IQC), com apoio da SBIm e do Unicef.

O estudo avaliou 13 vacinas do Programa Nacional de Imunizações (PNI) entre 2000 e 2023. Em 9 delas, a meta de 95% de cobertura não foi atingida em 2023. O caso mais crítico é o da vacina contra a catapora, em que apenas 3% da população vive em municípios que cumpriram a meta.

Vacinas como poliomielite, meningococo C, Haemophilus influenzae tipo b (Hib) e varicela apresentaram desempenho preocupante. Em especial, a vacina contra meningococo C não atingiu a meta em nenhum estado de 2021 a 2023. Em 2023, quase 90% da população vivia em cidades que falharam no alcance da meta dessa vacina, número que era 25% em 2011.

O relatório também identificou grandes desigualdades regionais. A região Norte segue como a mais crítica, mas até estados como o Rio de Janeiro não atingiram a meta de cobertura para nenhuma vacina do PNI em 2023. A segunda dose da tríplice viral, por exemplo, teve apenas 36,9% de cobertura no RJ.

Os dados preliminares de 2024 mostram leve melhora, com vacinas como BCG (95,85%) e a primeira dose da tríplice viral (95,5%) atingindo a meta, segundo o Ministério da Saúde. Já a vacina contra hepatite B ficou próxima, com 94,04%.

Outro destaque negativo é a vacinação contra HPV e poliomielite:

• A cobertura contra poliomielite está abaixo da meta desde 2016;

• O HPV alcançou menos de 80% entre meninas e apenas 50% entre meninos.

O levantamento alerta ainda para os chamados “bolsões de baixa cobertura”, com municípios vizinhos apresentando diferenças de até 50% na taxa de vacinação, o que compromete a imunidade coletiva e pode facilitar o retorno de doenças já erradicadas ou controladas.