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Nova tarifa dos EUA ameaça exportações mineiras e preocupa setores estratégicos

  • gazetadevarginhasi
  • há 4 dias
  • 3 min de leitura
Reprodução
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Se confirmada, a decisão do governo dos Estados Unidos de elevar em 50% as tarifas sobre produtos brasileiros poderá atingir em cheio a economia de Minas Gerais, com risco de desemprego em massa e mercadorias encalhadas. Terceiro maior estado exportador para o mercado norte-americano, Minas embarcou mais de US$ 2,4 bilhões em produtos para os EUA entre janeiro e junho deste ano. Dez municípios concentram mais da metade desse volume, com US$ 1,45 bilhão exportado.
Os dados são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). As cidades mineiras que mais venderam para os Estados Unidos no período são Guaxupé, Varginha, Sete Lagoas, Araxá, Belo Horizonte, Contagem, Ouro Branco, Alfenas, Ituiutaba e Manhumirim.
A nova tarifa, anunciada oficialmente por meio de comunicado postado pelo presidente Donald Trump nas redes sociais, começará a valer em 1º de agosto e afetará toda a pauta de exportações brasileiras — com forte impacto sobre setores como agronegócio, commodities e indústria de transformação.
Em Minas, o golpe é ainda mais sensível pelo perfil das exportações. O café, carro-chefe da pauta mineira, lidera os embarques para os EUA. Guaxupé e Varginha, importantes polos produtores, estão diretamente vulneráveis ao novo cenário.
“O Trump blefa muito, mas mesmo suas falas impactam a economia global. A medida afeta expectativas e mercados”, afirma o economista Felipe Leroy, professor da Skema Business School e CEO do Leroy Group.

Café mais barato… e
perigoso para a economia
Leroy alerta que a elevação das tarifas pode gerar um excedente de produtos no mercado interno, provocando queda nos preços, especialmente nas commodities agrícolas. Para o consumidor, isso pode parecer positivo, mas a redução de preços tende a vir acompanhada de queda na lucratividade e enxugamento das operações produtivas.
“As empresas tendem a reduzir a produção e, consequentemente, os empregos, já a partir de julho”, prevê. “Com menos exportações, o impacto se espalha por toda a cadeia produtiva.”
O professor Franz Petrucelli, da Newton Paiva, reforça que os setores mais afetados devem ser o do café, soja e minério de ferro. “A maior consequência será sobre a mão de obra. Com menos demanda, as empresas precisarão de menos trabalhadores”, explica. Ele avalia que Trump busca impulsionar o Produto Interno Bruto dos EUA, mas alerta que a medida é arriscada, já que o país não produz internamente o suficiente para suprir sua demanda.

Minas terá dois caminhos
Segundo Petrucelli, se o “tarifaço” for implementado em agosto, Minas Gerais terá duas alternativas: diversificar seus mercados externos ou investir em infraestrutura interna para absorver a mão de obra ociosa. “A construção civil, por exemplo, é um setor com grande capacidade de geração de empregos. E parte do minério que iria para exportação poderia ser usado em obras públicas”, aponta.

Setores em alerta
A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) publicou nota expressando preocupação com o aumento tarifário. “Os EUA são um parceiro estratégico, especialmente para a indústria de transformação. É preciso preservar o diálogo e a cooperação”, defende a entidade.
A Academia Latino-americana do Agronegócio (Alagro) também se posicionou. “A medida é gravíssima e pode provocar impactos severos sobre empregos, produção, investimentos e cadeias produtivas integradas entre os dois países”, alertou em comunicado.

Cidades mineiras que mais exportaram para os EUA (jan-jun/2025)
Guaxupé (Sul de Minas): US$ 271,1 milhões;
Varginha (Sul de Minas): US$ 237,9 milhões;
Sete Lagoas (Região Central): US$ 206,7 milhões;
Araxá (Alto Paranaíba): US$ 147 milhões;
Belo Horizonte: US$ 135,8 milhões;
Contagem (RMBH): US$ 129,7 milhões;
Ouro Branco (Região Central): US$ 105 milhões;
Alfenas (Sul de Minas): US$ 84 milhões;
Ituiutaba (Triângulo): US$ 75,1 milhões;
Manhumirim (Zona da Mata): US$ 59,4 milhões.

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Gazeta de Varginha

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