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Produção de vinhos e uvas no semiárido avança em Grão Mogol com apoio da Epamig e da Unimontes

  • gazetadevarginhasi
  • 24 de abr.
  • 3 min de leitura
Reprodução
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Grão Mogol desafia o semiárido e se destaca com produção premiada de vinhos e uvas finas
Aos pés da Cordilheira do Espinhaço, no Norte de Minas, o município de Grão Mogol tem surpreendido especialistas ao cultivar, com sucesso, frutas típicas de clima temperado — com destaque para as uvas voltadas tanto ao consumo in natura quanto à produção de vinhos. O feito é ainda mais notável por ocorrer em uma região classificada como semiárida, com baixos índices de chuva (cerca de 900 mm por ano) e clima predominantemente quente e seco.

A aposta, que começou em 2017 como um experimento entre amigos, tornou-se um case premiado de sucesso. O cultivo é sustentado por técnicas de fertirrigação, manejo adequado e forte apoio técnico da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). Entre os destaques está a variedade francesa Merlot, que tem apresentado produtividade média de 4 quilos por planta, com duas colheitas ao ano. Os vinhos produzidos vão dos espumantes aos licorosos, passando pelos brancos jovens e até os robustos “tintos de guarda”, com potencial de envelhecimento de até 20 anos.

Em 2023, o vinho Casa Velha, da vinícola Vale do Gongo, fundada pelos irmãos Alexandre e Gésio Damasceno, junto ao sócio Guilherme Saege, conquistou a medalha Grande Ouro no Concurso Nacional de Vinhos de Mesa, realizado em Bento Gonçalves (RS). Foi a primeira vez que o Norte de Minas teve destaque nacional no setor.

“Comprovamos o potencial do terroir do sertão mineiro”, afirma orgulhoso Alexandre Damasceno.
Durante visita recente a Grão Mogol, o secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, Thales Fernandes, elogiou o cenário local. Segundo ele, o cultivo de uvas e a produção de vinhos trazem valor agregado e impulsionam o agroturismo na região. “A topografia, com altitudes entre 800 e 1.100 metros, também favorece o cultivo de café. A atuação da Epamig e do IMA é essencial para esse desenvolvimento. Grão Mogol é um novo Eldorado”, destacou.

O início da vinícola foi modesto: apenas 46 mudas de Merlot plantadas com o objetivo de produzir vinho artesanal para consumo próprio. Durante a pandemia, os sócios conheceram a Epamig por meio de cursos online, descobrindo técnicas como a poda invertida e o manejo hídrico para adaptação às condições locais.
A coordenadora do Programa Estadual de Pesquisa em Vitivinicultura da Epamig, Renata Vieira, explicou que as características de solo e clima da região permitem duas safras anuais, o que dispensa a tradicional técnica da dupla poda usada no Sul de Minas. “O manejo feito na Vale do Gongo é objeto de uma tese de doutorado em andamento, com coorientação do pesquisador Francisco Câmara”, informou.

Atualmente, a Vale do Gongo produz 60 toneladas de uvas por ano — parte destinada ao mercado de frutas frescas e parte à produção anual de 15 mil litros de vinho. As variedades voltadas ao consumo in natura alcançam até 50 toneladas por hectare ao ano, em dois ciclos produtivos.

Além da produtividade, o microclima local, com noites frias, favorece a maturação fenólica das uvas, que desenvolvem alto teor de açúcar e coloração intensa sem perder acidez. O clima seco ainda contribui para o controle natural de pragas e doenças da videira.

O sucesso vitivinícola também impactou o turismo. O chamado enoturismo de experiência tem fomentado a economia local. “Grão Mogol deu um salto de mais de 300% no setor de turismo nos últimos anos”, afirma Alexandre.

Fonte:Agência Minas

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Gazeta de Varginha

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