“Sem terra viva, adoecemos”: Maxakali lançam livro e cobram continuidade de projeto ambiental
gazetadevarginhasi
há 2 dias
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Fotos: Camila Soares/MPMG
Povo Tikmu’un Maxakali lança livro com planos de gestão e inaugura exposição em BH.
O povo indígena Tikmu’un Maxakali lançou, nesta quinta-feira (15), um livro bilíngue (português/maxakali) com os Planos de Gestão Territorial e Ambiental das suas terras, durante cerimônia na sede do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), em Belo Horizonte. O evento também marcou a abertura da exposição “Hãmhitupmã: alegrar a terra”, que fica aberta ao público até 14 de junho.
A iniciativa integra o projeto Hãmhi Terra Viva, desenvolvido pelo Instituto Opaoká com recursos obtidos pelo MPMG por meio de medidas compensatórias, e articula ações de reflorestamento, capacitação e fortalecimento cultural nos territórios indígenas localizados no Vale do Mucuri.
Cerca de 100 indígenas participaram da cerimônia, que contou com ritual de cantos dos espíritos yãmiyxop e a presença de representantes de outros povos, como Xakriabá, Xukuru-Kariri, Krenak e Pataxó. Segundo o promotor Paulo César Vicente de Lima, o projeto nasceu do desejo do povo Maxakali de recuperar a floresta devastada, que representa vida, identidade e sustento para suas comunidades.
Os planos, chamados pelos indígenas de “Planos de Vida”, foram construídos em oficinas durante 21 meses, com participação da Funai, universidades, Embrapa, prefeituras, entre outros parceiros. Eles abordam temas como soberania alimentar, agrofloresta, recursos hídricos e fortalecimento da língua e cultura Maxakali.
Durante o projeto, foram implantados 60 hectares de quintais agroflorestais, 156 hectares de reflorestamento e 112 mil mudas foram plantadas. Também foram capacitados 30 agentes agroflorestais e 16 viveiristas indígenas. Três viveiros-escolas foram implantados para produção de mudas nativas da Mata Atlântica.
Durante a cerimônia, lideranças indígenas reforçaram a importância da continuidade do projeto. “Sem a terra viva, nós vamos ficar doentes de novo”, alertou Shawara Makaxali, da Aldeia Verde. Já Jovelina Maxakali, da Aldeia Água Boa, afirmou: “Estamos plantando a floresta e queremos trazer nossos alimentos verdadeiros de volta”.
A exposição reúne fotos, sons e textos que retratam o cotidiano e os desafios do povo Tikmu’un Maxakali. Também foi entregue o selo “Indígenas do Brasil”, que identifica a origem de produtos indígenas, instituído pelo MDA e Funai.
Autoridades estaduais e federais participaram do evento, que reforçou o compromisso do MPMG com os direitos dos povos originários. A coordenadora do projeto, Rosângela Tugny, destacou o aprendizado com os indígenas sobre ciclos lunares, tipos de chuva e o tempo. “Queríamos mostrar o equilíbrio entre a devastação e o sonho de uma terra viva”, afirmou.
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