Vencendo tabus
O mundo vai evoluindo e comportamentos que existiram desde sempre sem que lhes déssemos a devida importância, começam agora a ser percebidos e são questionados os danos que eles impingem a nossa saúde física e mental. Essa percepção traz um novo vocabulário as nossas conversas. Etarismo (também chamada de idadismo ou ageísmo) é uma dessas palavras novas e se refere ao preconceito com pessoas acima de certa idade. Qual idade? Isso varia caso a caso e depende muito do quão restrita é a visão de vida do preconceituoso.
Há alguns dias repercutiu na mídia um vídeo onde algumas estudantes de medicina, jovens na faixa dos 20 anos, ridicularizavam uma colega de 45. Isso é uma coisa que acontece muitas vezes com muitas outras pessoas em muitos outros cenários, mas que teve intensificado seu debate graças à internet que tudo sabe, tudo vê e tudo viraliza. E a falta de empatia corre o planeta.
Dizem os especialistas em longevidade que duas das melhores formas de se ter uma vida longa e feliz é manter-se ativo e ter um propósito. Durante a vida deixamos de realizar sonhos por motivos diversos. Com a maturidade, normalmente, adquirimos uma maior segurança financeira e mais disponibilidade de tempo, o que deveria ser um momento propício para fazer o que não conseguimos na Juventude. Mas aí chegam os entraves do preconceito e inibidos pelos padrões sociais impostos pela cultura ocidental, muita gente desiste de correr atrás das suas metas.
Felizmente, a ideia de que depois dos 50 anos temos que parecer com o estereótipo de vovós fazendo tricô no sofá ou vovôs jogando damas na praça está cada vez mais distante da realidade. Quando encorajamos as senhoras e os senhores nas faculdades, nos esportes, na dança, nas viagens e por todo lugar, estimulamos cada vez mais outros senhores e senhoras a derrubarem esse tabu. E o mundo fica mais rico em saúde e saberes.
Importante lembrar que ser velho é a única coisa que todos nós, os que ainda estiverem vivos, seremos com certeza. E esses que depreciam os idosos um dia o serão também. E vão usufruir das vitórias sobre o etarismo que nós, velhos de hoje, conquistamos.
Em tempo, para inspirar os mais velhos e levar os mais jovens a reflexão:
Cora Coralina (poetiza) só publicou o seu primeiro livro aos 76 anos;
José Saramago (escritor) só começou a chamar atenção de público e crítica aos 60;
Palmirinha (apresentadora de TV) estreou o seu primeiro programa aos 59 anos;
Michelle Yeoh (atriz) ganhou seu primeiro Oscar este ano, aos 60;
Cartola (compositor) gravou seu primeiro disco com 66 anos;
Hilda Rebello (atriz) começou a carreira aos 64 e se profissionalizou aos 70;
Morgan Freeman (ator) teve seu primeiro papel de destaque aos 50 anos.
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