Campanha decreta emergência fitossanitária após greening atingir 60% dos pomares de ponkan
gazetadevarginhasi
4 de set.
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A Prefeitura de Campanha (MG) decretou emergência fitossanitária diante do avanço do greening, que já alcança 60% das plantações de tangerina ponkan no município. Embora a estimativa para 2025 aponte colheita de 34,5 mil toneladas de ponkan e outras tangerinas — volume 5,18% superior ao do ciclo anterior — a doença compromete aparência e sabor dos frutos, inviabilizando a comercialização.
Relatório do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) projeta perdas severas: até 70% da safra de 2025 e até 90% nas colheitas de 2026 e 2027, caso o surto não seja contido. Segundo a Emater, Campanha possui 1,55 mil hectares de ponkan; desse total, 150 hectares devem ser erradicados por concentrarem plantas doentes e funcionarem como foco de disseminação.
Considerado o problema mais destrutivo da citricultura mundial, o greening — causado por bactéria transmitida por um inseto vetor — não tem cura. O controle depende da eliminação das árvores contaminadas, para impedir que sirvam de fonte de infecção às plantas sadias. A doença já foi determinante para o colapso da citricultura nos Estados Unidos, que perdeu cerca de 80% da produção.
O decreto municipal classifica o greening como “desastre biológico”, com confirmação da Defesa Civil de Minas Gerais. A medida autoriza a mobilização de todos os órgãos municipais e voluntários, além da contratação de bens e serviços sem licitação quando essenciais ao enfrentamento da crise. O objetivo é acelerar ações de combate, apoiar produtores afetados e reduzir danos econômicos.
De acordo com o secretário de Governo, Nicolas Dinamarco, o texto foi construído em conjunto com produtores e instituições do setor, para dar amparo às decisões no campo e facilitar o acesso a crédito e renegociações. “Esse decreto veio para garantir segurança jurídica das ações, mas também auxiliar, favorecer as negociações dos produtores com as instituições financeiras, buscando renegociação de prazos, novas condições para promover esse arranquio de pomares e também para pensarmos nas próximas etapas de diversificação da produção, substituição dessa produção para diminuir, minorar o impacto aqui na economia do município da Campanha”, afirmou.
Dinamarco acrescenta que parte dos citricultores já diversifica lavouras, com o cultivo de outras frutas e também de café, e que a administração está ciente do risco de a citricultura desaparecer no município. “Nós estamos muito atentos a esse problema e já estamos buscando parcerias com outros órgãos de outras esferas de governo como o Ministério da Agricultura, a Secretaria de Estado de Agricultura, para que nos dê o suporte com uma ação conjunta para dar esse suporte ao pequeno produtor, sobretudo nesse momento crítico, mas também analisar o pós, com a diversificação da produção. E também revendo os tipos de manejo da própria citricultura, porque, talvez no futuro, a gente possa retomar com a atividade. Vamos pensar o melhor modelo apoiado na ciência e apoiado também junto a esses órgãos que tem todo suporte técnico para que a gente possa encontrar um bom caminho.”
Com o decreto em vigor, a prefeitura pretende acelerar a erradicação de áreas comprometidas, intensificar a assistência técnica e alinhar, com governo estadual e federal, linhas de apoio para garantir a sobrevivência dos pequenos produtores enquanto novas alternativas de cultivo são implementadas.
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