Com localização estratégica, Sul de Minas vira destino de gigantes da indústria nacional
gazetadevarginhasi
14 de out.
2 min de leitura
Reprodução
Tradicionalmente reconhecido como referência nacional na produção de café e laticínios, o Sul de Minas se consolida, agora, como um dos principais polos industriais do país. Desde 2019, a região já acumula R$ 82 bilhões em investimentos anunciados, atraindo empresas de grande porte como Heineken, Grupo Boticário, Midea, Cimed e Althaia. A movimentação industrial vem acompanhada da promessa de geração de empregos em larga escala e crescimento econômico acelerado.
Segundo Leandro Andrade, diretor da Invest Minas – agência estadual responsável pela atração de novos negócios para Minas Gerais – o Sul do estado concentra 27% de todos os projetos cadastrados na instituição, que hoje ultrapassam a marca de mil. “O Sul de Minas é a região que mais tem recebido investimentos. Já foi anunciada a criação de 55 mil novos empregos por aqui”, afirma.
Um dos principais atrativos da região é sua localização estratégica. Cidades como Pouso Alegre, Extrema e Camanducaia estão situadas próximas à Rodovia Fernão Dias (BR-381), formando um eixo logístico privilegiado entre os grandes centros consumidores do Sudeste: Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro. Isso, somado a incentivos fiscais e à boa infraestrutura, tem despertado o interesse de gigantes da indústria.
Em Pouso Alegre, o Grupo Boticário está construindo uma nova fábrica com investimento de R$ 1,8 bilhão.
A previsão é que a unidade entre em operação em 2028, com capacidade para gerar 800 empregos diretos e mais de 4 mil indiretos. A empresa afirma que essa poderá ser a maior planta industrial do setor de beleza do mundo.
O impacto da industrialização já pode ser observado nos dados econômicos da região. Um levantamento da Fundação João Pinheiro revelou que o Produto Interno Bruto (PIB) da região de Pouso Alegre cresceu 207,8% entre 2010 e 2021, saltando de R$ 19,7 bilhões para R$ 60,7 bilhões. No mesmo período, a região de Varginha apresentou crescimento de 136,1%, passando de R$ 23,2 bilhões para R$ 54,8 bilhões.
Extrema, com pouco mais de 59 mil habitantes, é um dos exemplos mais emblemáticos dessa transformação. O município possui atualmente o maior PIB da região e se destaca pela atração de empresas voltadas ao comércio eletrônico e à logística. A população da cidade mais que dobrou em 15 anos, impulsionada pela intensa demanda por mão de obra no setor industrial e logístico.
De acordo com Leandro Andrade, o avanço do e-commerce após a pandemia foi determinante para essa nova fase da economia local. “O comércio eletrônico foi um divisor de águas. Enquanto o mundo parou, o Sul de Minas se preparou. Melhoramos as políticas de incentivo e isso atraiu empresas que buscavam alternativas fora do estado de São Paulo”, explica.
Para o economista Fernando Batista Pereira, professor da Universidade Federal de Alfenas (Unifal-MG), a proximidade com o estado mais rico do país se transformou em uma grande vantagem competitiva. “É muito mais caro instalar um negócio em São Paulo. Estar no Sul de Minas é estratégico, pois é possível reduzir os custos operacionais sem abrir mão da logística e da proximidade com grandes centros consumidores”, avalia.
Com novas fábricas em construção, a geração de empregos em alta e um ambiente cada vez mais favorável ao setor produtivo, o Sul de Minas se fortalece como uma nova fronteira industrial do Brasil, aliando tradição no campo com protagonismo no desenvolvimento econômico.
Comentários