Escolas particulares em Minas têm queda nas matrículas e contêm reajuste de mensalidades para 2026
gazetadevarginhasi
há 11 horas
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As escolas particulares de Minas Gerais registram, em 2025, uma queda média de 10% no número de matrículas em comparação com o mesmo período do ano anterior. O recuo na procura tende a impactar diretamente os reajustes das mensalidades previstos para 2026, inicialmente estimados entre 7% e 10%. A projeção é do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino de Minas Gerais (Sinepe MG), que aponta o cenário como desafiador para o setor.
Entre os principais fatores está a realidade financeira das famílias, que se mostra mais restrita do que em 2024. Outro ponto citado pelo superintendente do Sinepe MG, Paulo Leite, é a melhoria da qualidade da educação infantil nas escolas municipais, que passaram a competir diretamente com instituições privadas voltadas à primeira infância, oferecendo ensino gratuito e estrutura comparável em muitos municípios. Esse movimento tem impactado principalmente escolas menores e instituições com foco na educação infantil.
Diante da retração, muitas escolas particulares têm revisto suas estratégias comerciais na tentativa de frear as perdas. Segundo Paulo Leite, o esforço tem sido ampliar a margem de negociação com as famílias, adotando concessões como bolsas e descontos proporcionais à renda. “As escolas se movimentam para ampliar as negociações e não perder alunos, tentando reverter essa queda momentânea de 10% em relação ao período anterior”, afirmou. A prática tem resultado, em muitos casos, na manutenção dos mesmos valores de 2025, neutralizando os aumentos anteriormente projetados.
A definição dos reajustes varia conforme o perfil e a localização da instituição. Escolas que enfrentam maior concorrência ou queda mais acentuada no número de alunos tendem a segurar os aumentos ou até mesmo congelar os valores. Já aquelas com maior procura, principalmente nas grandes cidades, mantêm espaço para aplicar reajustes dentro da faixa inicialmente prevista. “Há escolas que, por causa da diminuição do número de alunos, optam por não aumentar as mensalidades. Se o fizerem, correm o risco de perder parte expressiva do público”, pondera o superintendente.
Leite lembra que o processo de reajuste é dinâmico e altamente influenciado pela concorrência. Para ele, os efeitos reais das medidas adotadas pelas escolas só poderão ser medidos com precisão no início do próximo ano letivo, quando os números finais de matrícula forem consolidados. “É um processo reativo, determinado pela concorrência. As escolas ajustam valores conforme a movimentação do mercado, e não por decisão isolada”, avalia.
Apesar da tentativa de conter os reajustes, o setor segue pressionado por custos operacionais em alta. O Sinepe MG destaca que as escolas têm enfrentado aumento de despesas com demandas de inclusão escolar, exigindo contratações de monitores e profissionais especializados, além de adaptações estruturais de acessibilidade. Há também custos com a implementação de novas diretrizes pedagógicas e investimentos em segurança — estes últimos intensificados diante do aumento da violência em ambiente escolar.
A inflação acumulada de 5,17% nos 12 meses encerrados em setembro, segundo o IBGE, seria o piso para a correção dos valores, mas os aumentos só devem ser aplicados de forma plena pelas escolas com demanda mais estável. Para a maioria das instituições, o foco deve permanecer em manter os alunos e garantir a sustentabilidade do negócio.
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