Estudo aponta danos cerebrais em ratos expostos ao glifosato
Uma pesquisa publicada na última quarta-feira (04/12) pela revista Neuroinflammation revelou que até mesmo uma breve exposição ao herbicida glifosato, amplamente utilizado na agricultura, pode causar danos significativos e duradouros ao cérebro. O estudo liderado por Ramon Velazquez, da Universidade Estadual do Arizona (ASU), em parceria com o Translational Genomics Research Institute (TGen), traz novos questionamentos sobre a segurança do pesticida para a saúde humana.
Os pesquisadores demonstraram que ratos expostos ao glifosato apresentaram inflamação cerebral associada a doenças neurodegenerativas, como Alzheimer, além de morte precoce e sintomas de ansiedade. Um subproduto do herbicida, o ácido aminometilfosfônico, foi identificado acumulado no tecido cerebral, reforçando preocupações sobre seus efeitos prejudiciais.
Exposição e impactos observadosOs testes foram conduzidos em ratos normais e transgênicos com propensão ao Alzheimer, utilizando duas dosagens: uma alta, baseada em estudos anteriores, e uma mais baixa, similar ao limite considerado aceitável para humanos. Surpreendentemente, mesmo a dose baixa resultou em marcadores inflamatórios persistentes no cérebro e no sangue meses após a exposição.
Velazquez destacou que o estudo amplia o entendimento sobre como o glifosato pode afetar o cérebro, especialmente em comunidades rurais, onde o contato com o herbicida é mais frequente. Ele apontou a necessidade de mais pesquisas para compreender os impactos na população humana, particularmente entre idosos.
Controvérsias regulatóriasNos Estados Unidos, a Agência de Proteção Ambiental (EPA) considera o glifosato seguro em níveis controlados, enquanto na União Europeia sua aprovação foi renovada até 2033 com restrições adicionais. Por outro lado, a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), ligada à Organização Mundial da Saúde, classifica o glifosato como "possivelmente cancerígeno para humanos".
Essas divergências alimentam o debate sobre a segurança do herbicida, que já foi encontrado em alimentos devido ao seu uso generalizado na agricultura.
Perspectivas futurasSamantha K. Bartholomew, principal autora do estudo e integrante do Velazquez Laboratory for Neurodegenerative Diseases, espera que a pesquisa inspire novas investigações sobre os efeitos do glifosato e de outras toxinas ambientais. “Nosso trabalho pode abrir caminhos para o reexame da segurança de substâncias amplamente utilizadas e fomentar discussões mais amplas sobre os impactos ambientais na saúde cerebral”, afirma.
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