Familiares de pacientes da Santa Casa são vítimas do ‘golpe do falso médico’ em Guaxupé

Foto: Ascom / Prefeitura Guaxupé

Pelo menos duas famílias de pacientes da Santa Casa foram vítimas do “golpe do falso médico” em Guaxupé (MG). Uma das famílias teve prejuízo de mais de R$ 1,6 mil e só percebeu a ação criminosa quando os estelionatários pediram mais dinheiro para realização de procedimentos. O hospital emitiu aleta sobre a tentativa de golpes em nome da instituição.

Com a avó internada na Santa Casa, uma ligação fez com que a neta acreditasse na necessidade da realização de um pagamento. Ela, que trabalha como empresária, detalhou a abordagem dos estelionatários e contou que eles agem como profissionais. “Ele [falso médico] passou o nome completo, a idade correta, a doença crônica que minha avó tem. Tudo correto. Então, ele disse que estava com o hemograma dela e que ela estava com uma doença bem grave, precisando fazer duas tomografias. Ele disse que eu poderia optar pelo SUS, mas poderia demorar. E ele me deu a opção de poder fazer no mesmo dia, no local mesmo, que sairia pelo valor de R$ 1.650, podendo fazer o pagamento pelo PIX. Como ele falou tudo com palavras profissionais, com técnicas, eu acreditei que ele era um médico”, falou Ana Paula Chagas Felipe. Após receber o valor, o golpista pediu mais dinheiro, alegando que havia esquecido de cobrar parte do procedimento. Ele chegou a até se desculpar pelo “esquecimento” da cobrança.

"Eu peço até desculpas para senhora, porque eu acabei me esquecendo do valor das ampolas LKF e do contraste, que também é necessário. Para realizar essas tomografias o valor das ampolas e do contraste ficou de R$ 650. A senhora pode fazer [o pagamento] nos mesmos dados do financeiro. Eu peço até desculpa novamente por eu não ter passado o valor das ampolas. Acabei me esquecendo, mas a senhora pode fazer nos mesmos dados”, disse o golpista em mensagem de áudio envida à vítima. Por mensagem, a empresária disse que iria levar o restante do dinheiro pessoalmente e perguntou onde encontrar o médico na Santa Casa.

“Resolvi entrar em contato com a minha família e expliquei o que estava acontecendo. Minha prima disse que iria à Santa Casa para fazer o pagamento, mas para não deixar de fazer o contato com o médico. Ela chegou lá e disseram que o médico não existia. Continuei a falar com ele, perguntei onde podia encontrar com ele, pois não tinha o dinheiro na conta”, falou Ana Paula.

A resposta do estelionatário fez com que ela percebesse que havia caído em um golpe.

“Na cadeia”, escreveu o falso médico.

O suposto médico tinha nome, sobrenome, foto de jaleco e o contato comercia, além de constar a localização da Santa Casa. O caso agora é acompanhado pela advogada que acredita em um vazamento de dados.

“Qualquer empresa, seja ela filantrópica sem fins lucrativos, seja ela empresa pública ou privada, ela tem que se adequar à lei de proteção de dados. Um fato que gera mais transtorno é que dados médicos são tratados como dados sensíveis. Ou seja, a lei já garante que se houver vazamento de dados sensíveis o responsável tem que ser penalizado, sem comprovação de dolo [sem intenção]. Vai ser investigado pela polícia e com certeza deve ser do interesse do Ministério Público”, disse a advogada Marcela Furlan.

A Santa Casa de Guaxupé informou que não sabe como os golpistas obtiveram os dados dos pacientes e dos familiares, mas disse acreditar que seja uma violação no sistema.

“Não sabemos de que forma esses dados são coletados, mas a gente passou para a autoridade policial essa investigação. Mas isso pode ser coletado de várias formas, conforme a autoridade policial nos explicou. Pode ser um hackeamento de sistema, que estamos nos protegendo em relação à esta questão, pode ser abordagem física da própria família. A polícia está investigando. Mas, infelizmente eles [criminosos] conseguem essas informações e aplicam os golpes”, explicou o superintendente do hospital, Sonora Rafael Olinto.

Para evitar situações como essa, a Santa Casa anexou avisos pelo hospital. A unidade ainda alerta que não faz ligações e nem pede transferências bancárias.

Fonte: G1