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Gaza no Inverno: Refugiados Enfrentam Risco Mortal com Frio Intenso

Milhares de famílias em abrigos improvisados lutam contra as tempestades e o frio implacável

Centenas de milhares de palestinos, que já foram deslocados várias vezes devido aos bombardeios israelenses em Gaza, agora enfrentam a ameaça de um inverno rigoroso. No dia 24 de novembro, uma tempestade intensa atingiu toda a região, trazendo consigo ventos fortes, chuvas e marés altas que devastaram os abrigos precários de plástico de muitas famílias.


Em um campo de refugiados improvisado em Deir al-Balah, no centro de Gaza, dezenas de famílias tentaram se proteger das marés crescentes, enquanto as chuvas tornavam as tendas ainda mais frágeis. Reportagens da CNN mostraram crianças descalças e pais tentando proteger suas casas da invasão do mar.


“Viemos até aqui porque o mar era nossa única defesa, mas agora ele nos ataca”, afirmou um homem, observando a perda de tudo que tinha.


Philippe Lazzarini, chefe da UNRWA (Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina), alertou em uma mensagem nas redes sociais que o inverno não apenas ameaça as vidas das pessoas devido a ataques aéreos e fome, mas também aumenta o risco de mortes por hipotermia, especialmente entre crianças e idosos. Ele destacou a escassez de ajuda humanitária, que caiu drasticamente desde o início do conflito.


A COGAT, agência israelense responsável pela aprovação da entrada de ajuda humanitária em Gaza, informou que está colaborando com a comunidade internacional para facilitar o envio de suprimentos como aquecedores, roupas quentes e tendas. No entanto, a UNRWA critica a insuficiência dessa ajuda, alegando que Israel bloqueou quase todas as tentativas de enviar recursos para o norte de Gaza nas últimas semanas.


Temperaturas Extremas e Inundações Em dezembro, a temperatura média de Gaza varia entre 10°C e 20°C, com a previsão de queda acentuada em janeiro, quando o clima se torna mais rigoroso. A estação das chuvas, que vai de novembro a fevereiro, traz consigo o risco de inundações, que afetaram ainda mais os refugiados de Gaza. Em Deir al-Balah, as tendas inundadas pela água deixaram os moradores sem proteção e com poucas alternativas para se aquecer.


Mohammad Younis, um dos deslocados, questionou em desespero: “O que vai nos aquecer hoje à noite? Somos como mendigos e ninguém se importa conosco. Não sei onde vou dormir, talvez no mar”, disse, enquanto a lona de sua tenda cedia e a água invadia seu abrigo.


Famílias em Desespero e Sem Esperança Após um ano de intensos ataques e deslocamentos forçados, cerca de 1,9 milhão de palestinos (aproximadamente 90% da população de Gaza) estão vivendo em condições precárias. Muitos foram forçados a deixar suas casas várias vezes e agora enfrentam a impossibilidade de encontrar abrigos seguros. O Conselho Norueguês para Refugiados relatou que, com a destruição em massa de edifícios, as opções de abrigo são mais limitadas do que nunca, forçando milhares a viver em tendas.


Em setembro de 2024, mais de 200 mil casas foram destruídas ou danificadas, e cerca de um milhão de pessoas necessitam urgentemente de apoio para enfrentar o inverno.


Os palestinos que buscaram abrigo em Al-Mawasi, no sul de Gaza, convivem com a falta de infraestrutura e o risco constante de novos ataques. A situação se agrava com o impacto das chuvas torrenciais e ventos fortes, que danificaram ainda mais as tendas e tornaram a vida ainda mais insuportável para as famílias.


Mohammed Alkhatib, vice-diretor de programas da Medical Aid for Palestinians, descreveu a tragédia dos deslocados como um sofrimento multifacetado. A falta de roupas adequadas, cobertores e aquecimento coloca as famílias em grande risco, e o inverno prolongado exacerba essa vulnerabilidade.


O Clima como Ameaça Mortal A situação em Gaza continua a se deteriorar. A crescente intensidade do clima e a fragilidade das construções improvisadas aumentam os perigos para as famílias que tentam sobreviver. Louise Wateridge, da UNRWA, afirmou que o tempo severo é agora mais uma ameaça mortal para os palestinos que vivem nessas condições extremas.


Muitos tentam fazer o possível para se aquecer, como é o caso de Sami Salehi, que perdeu sua tenda no norte de Gaza e agora se encontra com 14 filhos em uma situação desesperadora, sem recursos para acender fogo ou se abrigar adequadamente.


“Parece que a morte é mais honrosa do que esta vida”, desabafou Salehi, refletindo sobre a brutalidade da guerra e as condições desumanas que ele e tantos outros enfrentam.

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