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iFood anuncia bônus, mas entregadores apontam precarização e riscos nas ruas

  • gazetadevarginhasi
  • há 8 minutos
  • 2 min de leitura
iFood anuncia bônus, mas entregadores apontam precarização e riscos nas ruas
Divulgação Paulo Pinto/Agência Brasil
Entregadores questionam pacote de bônus do iFood e denunciam precarização das condições de trabalho.

Em meio ao barulho do trânsito do Recife (PE), o som de notificação no celular anuncia mais uma entrega para Rodrigo Lopes Correia, entregador de aplicativo há cinco anos. Aos 35 anos, pai de dois adolescentes e morador de Olinda, ele trabalha mais de dez horas por dia sobre duas rodas e já sobreviveu a seis acidentes. Hoje, também preside o Sindicato dos Trabalhadores, Empregados e Autônomos de Moto e Bicicleta por Aplicativo de Pernambuco (Seambape), que conta com 3 mil filiados.

Rodrigo é um dos mais de 400 mil entregadores cadastrados no iFood. A plataforma, que lida com mais de 120 milhões de pedidos mensais, anunciou recentemente um pacote de medidas voltadas aos profissionais mais assíduos. Entre as novidades estão bônus por frequência, escolha de destino e antecipação de pagamentos. Segundo Johnny Borges, diretor de impacto social do iFood, os entregadores que mais se destacarem podem ter ganhos até 30% superiores à média da base, com bônus anuais de até R$ 3 mil.

“O objetivo é valorizar os entregadores mais engajados na plataforma”, disse Borges, ao afirmar que os pagamentos agora poderão ser realizados sob demanda. A média de ganho bruto por hora em 2024, segundo ele, foi de R$ 28. Entregadores motorizados recebem, no mínimo, R$ 7,50 por entrega, enquanto ciclistas recebem R$ 7.

Apesar do anúncio, trabalhadores demonstram ceticismo. “Tirando os custos, fico com R$ 1,5 mil no mês. A remuneração precisa ser mais justa”, afirma Rodrigo. Ele acredita que o pacote foi uma resposta à mobilização da categoria, especialmente após a greve nacional dos dias 31 de março e 1º de abril deste ano.

Para Alessandro Sorriso, presidente da Associação dos Motofretistas Autônomos e Entregadores do DF, as medidas visam manter os trabalhadores vinculados exclusivamente à plataforma. Ele teme que os bônus incentivem longas jornadas e comprometam fins de semana e feriados. “Estão prometendo 30% a mais, mas o custo será trabalhar sem parar. Pode ser uma armadilha”, alerta.

A antecipação de pagamento, segundo Sorriso, atende a uma reivindicação antiga. Muitos entregadores iniciavam a semana sem dinheiro sequer para abastecer. Mas ele afirma que, na prática, o prometido reajuste nos valores ainda não foi sentido.

Especialistas em direito do trabalho criticam o discurso do empreendedorismo atribuído à categoria. Para o professor da Faculdade de Direito da UnB, Antônio Sérgio Escrivão Filho, os entregadores vivem uma relação de subordinação com as plataformas e não podem ser tratados como empresários. “Eles não definem as regras, não sabem como são calculadas as remunerações e tampouco têm acesso aos algoritmos. São trabalhadores precarizados”, afirma.

Sem acesso a direitos trabalhistas como férias, previdência e com alto risco de acidentes, esses profissionais enfrentam jornadas extenuantes e pouca proteção institucional. O iFood, por sua vez, afirma investir em ações de segurança, como monitoramento de velocidade e conscientização sobre riscos. “A gente trabalha para que todo acidente seja evitável”, diz Borges, destacando que a empresa oferece o “maior seguro da categoria”, com cobertura de até R$ 120 mil em caso de morte.
Fonte: Agência Brasil

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