Inflação veio abaixo do esperado em setembro, e especialistas observam melhora
Elisa Ribeiro
9 de out.
2 min de leitura
Fonte: itatiaia
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do Brasil medida pelo IBGE, registrou alta de 0,48% em setembro, abaixo das expectativas do mercado, que projetavam aumento de 0,52%. O resultado reflete, em parte, o impacto do aumento da tarifa de energia elétrica com a bandeira vermelha 2, que pressionou o grupo habitação, responsável por uma alta de 2,97% no mês.
O economista sênior do Banco Inter, André Valério, destacou que, apesar do impacto da energia, o resultado qualitativo do IPCA é positivo. “A média dos núcleos desacelerou para 0,19%, o menor valor desde março de 2024, levando o acumulado em 12 meses a recuar para 5,09%”, explicou.
Os núcleos de inflação são uma medida que exclui itens mais voláteis, como alimentos e combustíveis, permitindo analisar a inflação subjacente e distinguir aumentos transitórios de pressões inflacionárias persistentes. Segundo Valério, a inflação de serviços também recuou, de 0,39% para 0,13%, menor nível desde junho de 2024. Serviços subjacentes e serviços intensivos em trabalho, ambos sensíveis à taxa de juros, apresentaram desaceleração significativa no mês.
Impacto na política monetáriaA inflação continua sendo o principal indicador para a política monetária do Banco Central, que mantém a meta de 3% ao ano para o índice de preços. Apesar da desaceleração, o IPCA permanece acima do centro da meta, o que justificou a manutenção da taxa básica de juros em 15% ao ano, considerada alta para conter a inflação e desacelerar o consumo.
Valério aponta que a dinâmica inflacionária indica um final de ano mais “benigno”, com expectativa de efeitos mais fortes da política monetária nos próximos meses. O mercado projeta corte de juros apenas na primeira reunião de janeiro de 2026. “Apesar do resultado qualitativo positivo, não há mudanças esperadas na política monetária de curto prazo. O Copom continuará cauteloso, mantendo uma abordagem restritiva por mais tempo”, acrescentou.
O economista Paulo Cunha, CEO da iHUB Investimentos, compartilhou análise semelhante, ressaltando que o resultado menos intenso ajuda a reduzir preocupações com a inflação e permite algum alívio na curva de juros futuros. Ele destacou, no entanto, que o grupo habitação, pressionado pelo aumento da energia elétrica, continuará impactando a inflação nos próximos meses.
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