Megaoperação desarticula esquema milionário de sonegação de ICMS em Minas; veja quem são os investigados

fonte: itatiaia

A megaoperação Ambiente 186, deflagrada nesta terça-feira (2) pelo Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos de Minas Gerais (CIRA-MG), mirou um amplo esquema de sonegação fiscal envolvendo empresários e redes atacadistas no estado. Ao todo, 15 mandados de busca e apreensão foram cumpridos em cidades como Nova Lima, Divinópolis e Governador Valadares.

Segundo o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), a investigação aponta a existência de uma organização criminosa especializada na sonegação estruturada de ICMS e em complexas operações de lavagem de dinheiro, o que teria provocado um desvio superior a R$ 215 milhões dos cofres públicos.

Como funcionava o esquema

Conforme documentos obtidos pelo MPMG, o grupo utilizava a fraude conhecida como “barriga de aluguel”. Na prática, redes atacadistas vendiam produtos dentro de Minas Gerais, mas emitiam notas fiscais frias simulando remessas interestaduais para empresas de fachada em estados com alíquota reduzida de 7% e sem convênio de ICMS com Minas, como Goiás e Espírito Santo.

Com isso, o grupo suprimia o pagamento de ICMS-ST, causando prejuízo milionário.

Quem participou da operação

A ação mobilizou uma grande força-tarefa, incluindo:

• 6 promotores de Justiça

• 3 delegados da Polícia Civil

• 58 auditores da Receita Estadual

• 2 auditores da Receita Federal

• 65 policiais militares

• 54 policiais civis

• 9 bombeiros militares

• 15 servidores do Ministério Público

Principais alvos da megaoperação

A operação identificou diversos investigados com papéis distintos no esquema. Entre eles:

Núcleo executivo e comando

• Marcos Valério Fernandes de Souza – Publicitário condenado no Mensalão, apontado como uma das lideranças da organização criminosa, com posição hierárquica superior.

• Leonardo Guimarães Resende – Coordenador das fraudes e gestor de contas de empresas fictícias. Administrador da Autêntica Comércio de Produtos Alimentícios Ltda.

Coordenadores de fraudes fiscais

• Pedro Souza de Freitas

• Rodrigo José de FreitasAdministradores da Atakamix Atacadista e da Comercial Milho Brasil Ltda.

Intermediários e operadores financeiros

• Wilson Tacchi Júnior – Intermediário entre o núcleo central e empresas do setor; administrador da WT Ltda.

• Ana Cristina Espíndola de Castro Lopes – Ligação entre fornecedores e empresas que utilizavam notas frias.

• Marco Aurélio Caetano Surette – Sócio da Triunfo Negociações Veiculares; vinculado à lavagem de dinheiro.

• Afrânio Morcatti Júnior – Atuação conjunta na lavagem e negociação de veículos de luxo.

• Clélio Luiz da Silva Ferreira – Articulador do “grupo César”, responsável por usar a WT Ltda como noteira.

Grupo HSI, Milho Brasil e empresas parceiras

• Leandro Nogueira Falcão – Articulador entre a Milho Brasil e o grupo HSI.

• Gustavo Coelho Leite – Diretor do HAF Distribuidor (Grupo Coelho Diniz), responsável por operacionalizar fraudes e registros de “faturamentos especiais”.

• André Luiz Coelho Leite e Fábio Coelho Diniz – Sócios administradores do Grupo Coelho Diniz e responsáveis por pagamentos às empresas noteiras.

Operadores de contas bancárias

• Juliana Alves dos Santos Faria – Abertura e movimentação de contas bancárias para o grupo.

• Matheus Ventura Nogueira e Luiz Gustavo da Silva – Controladores de contas de empresas de fachada.

Outros envolvidos

• Ventura Joaquim – Proprietário da L&M Nova Distribuidora de Sapucaia, usada como intermediária no circuito de notas frias.

• Gleidson Morais da Silva – Sócio de empresas parceiras, atuando na movimentação financeira.

• Izabela Bicalho de Sousa – Responsável pela cobertura jurídica e documental das operações.

• Taís Rodrigues de Carvalho e Vânia Gomes da Luz Sardes – Funcionárias da HAF Distribuidor; executavam rotinas operacionais e manipulação de dados.

• Lacy Francisco de Oliveira Júnior – Sócio da Big Works Comércio de Importação e Exportação, ligada às movimentações do esquema.