Minas Gerais amplia alerta para bebidas clandestinas após contaminações por metanol
gazetadevarginhasi
2 de out.
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A recente onda de contaminações por metanol em bebidas no estado de São Paulo acendeu o alerta em Minas Gerais, estado que lidera a produção nacional de cachaça. Conhecido como berço dessa bebida típica brasileira, Minas também carrega um dado preocupante: possui o maior mercado clandestino de alambiques do País, com estimativas de que mais de 50% da cachaça consumida no estado seja de origem irregular.
Esse cenário coloca em risco não apenas a saúde pública, mas também a credibilidade do setor formal de bebidas, além de gerar concorrência desleal e impactar negativamente nos investimentos do setor. Diante da insegurança provocada pelos casos de intoxicação, o segmento revisou suas projeções de crescimento para 2025, que deverão se manter no mesmo patamar de 2024, frustrando expectativas de avanço. De acordo com Mário Marques, presidente do Sindicato das Indústrias de Cerveja e Bebidas em Geral do Estado de Minas Gerais (SindBebidas), a falta de fiscalização efetiva por parte da Vigilância Sanitária, especialmente em relação aos alambiques não registrados, representa uma ameaça concreta ao setor. Ele alerta que o caso de São Paulo não deve ser tratado como isolado, pois reflete um problema estrutural que também afeta Minas.
Marques lembra que há sete anos, em Belo Horizonte, mais de 90% da cachaça comercializada era clandestina. Embora tenha havido avanços, mais da metade da produção ainda é oriunda de fontes não regularizadas, o que alimenta tanto a insegurança do consumidor, quanto o desequilíbrio no mercado. Além disso, o dirigente denuncia que não há punições rigorosas para quem comercializa bebidas irregulares. Multas são raras, e responsabilizações criminais quase inexistem, o que incentiva a continuidade dessa prática. “Precisamos de uma legislação que de fato proteja o consumidor”, afirma.
Com os recentes episódios envolvendo o uso de metanol, o setor em Minas já começou a articular ações com prefeituras locais para intensificar a fiscalização de bebidas alcoólicas.
A principal orientação ao comércio é que as bebidas sejam adquiridas com nota fiscal, de estabelecimentos confiáveis e que apresentem selo do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) nas embalagens.
Para o futuro, a expectativa é pela criação de uma força-tarefa envolvendo órgãos como a Vigilância Sanitária, o Ministério Público e o Ministério da Agricultura, atuando com o mesmo rigor de combate ao crime organizado. “Temos mão de obra e conhecimento, mas precisamos que os órgãos municipais levem esse alerta a sério”, completa Marques.
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