Minas Gerais entra no radar global com megajazida de terras raras e levanta debate sobre soberania mineral
gazetadevarginhasi
7 de out.
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Não se fala em outra coisa em dois municípios do Sul de Minas Gerais — Poços de Caldas e Caldas. A razão: uma gigantesca jazida de terras raras, um conjunto de 17 elementos químicos fundamentais para o setor tecnológico, energético e militar. A descoberta colocou a região no centro de uma disputa geopolítica internacional, envolvendo países como Estados Unidos, Canadá, China e o Brasil. Poços de Caldas, com cerca de 163 mil habitantes, e a vizinha Caldas, com 14 mil, concentram um depósito mineral com níveis de concentração sem precedentes, despertando o interesse de empresas estrangeiras e levantando preocupações ambientais e estratégicas entre moradores e ativistas. A relevância das terras raras é evidente: elas são utilizadas na produção de turbinas eólicas, carros elétricos, satélites, mísseis, drones e equipamentos militares. Em julho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou a importância estratégica desses minerais, afirmando que “ninguém bota a mão” nos recursos do Brasil. A fala foi interpretada como um recado direto ao ex-presidente americano Donald Trump, que tem como prioridade a segurança no fornecimento desses insumos para os EUA.
Entretanto, segundo ambientalistas da região, como os integrantes da Aliança em Prol da Área de Proteção Ambiental (APA) da Pedra Branca, a realidade aponta para uma dependência internacional que persiste. A empresa australiana Meteoric, que planeja iniciar a exploração ainda em 2026, tem acordo firmado com a canadense Ucore, que por sua vez é financiada pelo Departamento de Defesa dos EUA, com um repasse de aproximadamente R$ 100 milhões.
“A Meteoric irá fornecer parte da sua produção à Ucore para processamento. O destino final pode ser a indústria bélica, e a própria empresa admite não ter controle sobre o uso do material”, afirmou a ONG, após resposta direta da empresa à Agência Pública.
O presidente da Aliança, Daniel Tygel, destaca que, embora as terras raras sejam essenciais para tecnologias limpas, como carros elétricos e turbinas, elas também têm uso direto na fabricação de armamentos, bombas inteligentes e sistemas de mísseis.
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