Polícia desarticula quadrilha que fraudava vítimas com golpes financeiros disfarçados de benção religiosa
31 de jan.
Reprodução
Polícia desarticula esquema de fraude religiosa com perdas milionárias.
Na manhã desta quinta-feira (30), a Polícia Civil do Distrito Federal, por meio da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco/Decor), desarticulou uma organização criminosa especializada em fraudes financeiras disfarçadas de promessas religiosas. Estima-se que o grupo, formado por cerca de 200 pessoas, tenha lesado pelo menos 50 mil vítimas no Brasil e no exterior. A operação, batizada de "Falso Profeta", cumpriu 16 mandados de busca e apreensão e resultou no bloqueio de 7,9 milhões de reais.
As investigações apontaram que o esquema operava de maneira estruturada, com membros desempenhando funções como líderes religiosos, "laranjas", influenciadores digitais e administradores de redes sociais. O golpe baseava-se na manipulação de fiéis, prometendo riquezas miraculosas por meio da compra de frações de títulos financeiros falsos, em uma teoria chamada Nesara-Gesara. De acordo com os criminosos, as vítimas poderiam transformar pequenas quantias de dinheiro em quantias astronômicas, como transformar 25 reais em 1 octilhão de reais, uma cifra absurda, 1 seguido de 27 zeros.
Segundo o delegado Marco Aurélio Sepúlveda, responsável pela operação, o golpe foi orquestrado com uso de contratos falsos e documentos fictícios, como "100 trilhões de dólares". Como resultado, muitas vítimas perderam grandes quantias de dinheiro, venderam bens e acumularam dívidas. O prejuízo financeiro foi agravado por danos psicológicos, com pessoas entrando em depressão e rompendo laços familiares.
O esquema, que estava em operação desde 2019, foi identificado após a prisão de um influenciador digital em 2022, que tentava enganar uma vítima com um extrato bancário falso de 17 bilhões de reais. O valor movimentado pela organização, até o momento, é estimado em 160 milhões de reais. A operação resultou na prisão de cinco membros-chave do grupo, incluindo líderes religiosos e advogados.
De acordo com o economista Newton Marques, valores como os prometidos pelos golpistas são fictícios e não têm respaldo na economia real. Ele alerta que, em finanças, não existem investimentos que gerem retornos extraordinários, especialmente os promovidos por "líderes espirituais". O delegado Sepúlveda também alertou sobre a vergonha que impede muitas vítimas de denunciar os crimes, destacando a importância de procurar a Justiça para tentar reaver os valores perdidos.
As investigações continuam, e os suspeitos poderão responder por crimes como organização criminosa, estelionato, fraude eletrônica, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. A Polícia Civil reforça o alerta para que a população desconfie de promessas de ganho fácil e denuncie qualquer atividade suspeita nas delegacias.
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