Procura por análises de cachaça na UFLA cresce até 80% após casos de intoxicação por metanol
gazetadevarginhasi
há 9 minutos
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O número de produtores de cachaça que têm procurado a Universidade Federal de Lavras (UFLA) para realizar análises preventivas das bebidas aumentou de forma expressiva nas últimas semanas.
De acordo com a instituição, a demanda cresceu entre 70% e 80% após o início das investigações sobre casos de intoxicação por metanol registrados em outras regiões do país.
O laboratório da UFLA, referência nacional na área, está operando no limite da capacidade. Por conta do grande volume de amostras — incluindo materiais enviados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária —, a universidade informou que voltará a receber novas remessas de produtores da região apenas a partir de dezembro.
A coordenadora do Centro de Referência de Análise de Qualidade de Cachaça, professora Maria das Graças Cardoso, explicou que o processo de verificação é minucioso e segue normas técnicas do Ministério. “Essas análises são feitas por cromatografia gasosa e permitem quantificar e qualificar o metanol com alta precisão. Nas nossas cachaças, o sinal da substância é muito pequeno, praticamente inexistente”, afirmou.
Segundo a pesquisadora, pequenas quantidades de metanol podem surgir naturalmente durante a produção, mas o risco está na adulteração. “Na bebida adulterada, o metanol é adicionado propositalmente, misturado com álcool combustível. Como não tem cheiro nem cor, o consumidor não percebe”, explicou.
Levantamentos da UFLA apontam que as análises feitas entre 2024 e 2025 mostraram níveis mínimos de metanol nas cachaças nacionais — em média, 1,47 miligrama por 100 ml de álcool anidro —, valor considerado seguro. “O controle é simples: basta filtrar o caldo antes da fermentação e fazer corretamente os cortes da bebida”, completou Maria das Graças.
Enquanto isso, as ações de fiscalização seguem em andamento no Sul de Minas. A Polícia Civil informou que, até o momento, não foi detectada a presença de metanol nas amostras apreendidas, embora os laudos indiquem fraudes grosseiras, com impurezas e sujeira visíveis dentro das garrafas.
Entre as ocorrências mais recentes, houve apreensões em um supermercado de Bom Jesus da Penha e também às margens da rodovia MG-050, em Passos, onde a Guarda Civil Municipal e a Polícia Rodoviária encontraram garrafas abandonadas. Todo o material foi encaminhado para análise e descarte pela Vigilância Sanitária.
O delegado Manuel Nora destacou que o processo de perícia é demorado, devido à grande variedade de marcas e rótulos apreendidos. Já a Vigilância Sanitária intensificou as ações e informou ter fiscalizado pelo menos dez pontos de venda na região.