Sindicatos pedem retorno de cobradores em ônibus após estudo apontar riscos para motoristas e passageiros
gazetadevarginhasi
23 de set.
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A ausência de cobradores em ônibus urbanos e metropolitanos voltou ao centro do debate na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Durante visita da Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social à sede da Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho (Fundacentro), nesta quinta-feira (18/9), sindicatos defenderam a volta dos profissionais, apontando que sua retirada sobrecarregou motoristas e aumentou riscos para passageiros.
O encontro foi motivado pela apresentação de um estudo elaborado pela Fundacentro, em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a pedido do Ministério Público do Trabalho. A pesquisa analisou as condições dos motoristas após a retirada dos agentes de bordo, ocorrida em 2012, quando foram substituídos pela bilhetagem eletrônica.
Segundo o pesquisador Eugênio Paceli Diniz, os resultados confirmam denúncias dos profissionais: motoristas ainda precisam lidar com pagamentos em dinheiro, dar informações a passageiros, operar o elevador de acessibilidade e realizar manobras sem auxílio, antes executadas pelos cobradores. A falta de apoio gera situações de risco, como arrancadas antes do término do desembarque ou manobras inseguras em ruas estreitas. Os dados foram reunidos na publicação “Apertem os cintos, o copiloto sumiu: o impacto da dupla função na segurança e saúde do motorista de ônibus e na qualidade dos serviços do transporte coletivo urbano e metropolitano de Belo Horizonte”. Representantes sindicais destacaram que a sistematização comprova um problema antigo e que a precarização tem afastado trabalhadores da profissão, ameaçando até o funcionamento do sistema.
A pesquisa também originou o relatório “Recomendações técnicas para melhoria dos serviços e das condições de trabalho dos motoristas”, com medidas destinadas tanto ao poder público quanto às empresas.
Para governos: melhoria da sinalização, revisão de regras de estacionamento, fiscalização trabalhista e maior distribuição de cartões de gratuidade.
Para empresas: incentivo ao uso de cartões eletrônicos, instalação de câmeras que ampliem a visibilidade do motorista, intervalos maiores entre viagens, disponibilização de banheiros e criação de grupos de motoristas experientes para opinar em decisões sobre novos veículos.
Apesar do apoio às recomendações, os sindicatos reforçaram que nada substitui a presença dos cobradores e pediram seu retorno imediato.
O deputado Celinho Sintrocel (PCdoB), que solicitou a visita, afirmou que a atividade de motorista é penosa e insalubre, resultando em adoecimento. Defendeu melhores condições de trabalho e subsídios governamentais para o transporte público, incluindo a proposta de tarifa zero nos municípios. Representantes de sindicatos do interior também relataram que a retirada dos cobradores ocorreu em várias cidades mineiras e sugeriram levar o debate às câmaras municipais, para alertar autoridades locais sobre os riscos dessa decisão.
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