Trem pode voltar a circular no Sul de Minas: Varginha–Lavras entra em edital do governo federal
gazetadevarginhasi
6 de set.
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Representantes de prefeituras do Sul de Minas e empresários se reuniram nas últimas semanas com o Ministério dos Transportes, em Brasília, para discutir a reativação da ferrovia que liga Varginha a Lavras (MG). O governo federal confirmou que um edital de chamamento público será publicado ainda neste semestre, incluindo o trecho Varginha–Três Corações–Lavras.
Desativada desde 2009, a linha faz parte da Ferrovia Centro Atlântica (FCA), administrada pela VLI. A proposta inicial prevê a retomada do transporte de cargas, mas há também projetos paralelos que envolvem passageiros e turismo ferroviário.
Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico de Varginha, Henrique Touguinha, a intenção é de uma outorga de autorização para exploração privada por 99 anos. Caso não haja interessados, será aberta a possibilidade de concessão pública.
“Nesse chamamento, Varginha está incluído e não tem como ficar de fora esse trecho. O que não está definido é de onde partirá, quais serão as estações de carga e os pontos de operação”, destacou.
Para o engenheiro civil e especialista em infraestrutura de transportes Fernando Paulo Caneschi, a reativação enfrentará desafios técnicos.
“Há impactos estruturais e de segurança. Hoje existem trechos rodoviários sobre antigos pavimentos ferroviários, que precisariam ser refeitos para viabilizar o fluxo do trem”, explicou.
Projetos paralelos
O empresário Alex Marques, diretor do Circuito Ferroviário Vale Verde e da Ferrovia Sul Mineira, defende a inclusão do transporte de passageiros no projeto.
“Podemos implementar VLTs, ligando Varginha a Três Corações, por exemplo, criando uma rota ferroviária na BR-381. Isso melhoraria o trânsito e abriria espaço para o turismo”, afirmou.
Já o empresário Cleber Marques de Paiva destacou os ganhos econômicos para o Porto Seco Sul de Minas.
“O trem tem prioridade nos portos, o que gera agilidade e pode reduzir custos em até 40% se a linha chegar a Varginha”, apontou.
Preocupação
de moradores
A possível retomada também causa apreensão em moradores do bairro rural do Juriti, em Varginha, que vivem próximos à linha. O jardineiro Paulo de Tarso, que mora a menos de 10 metros dos trilhos com a esposa e quatro netos, teme perder a casa.
“Todo ano vem essa febre, mas nunca se resolve. Se vier, espero que ressarçam a gente. Eu só quero ficar tranquilo com minha família”, disse.
O advogado Rômulo Azevedo Ribeiro, representante das famílias, reforçou a necessidade de diálogo.
“Não é desejo deles sair, mas também não querem impedir o progresso. O que pedem é respeito ao direito de moradia e ao patrimônio. Com diálogo, é possível chegar a um consenso”, avaliou.
O Ministério dos Transportes confirmou que o trecho está incluído no edital, mas ainda não definiu os pontos exatos de operação, como estações de carga e áreas de passagem.
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