Vídeo de cavalo caído reacende debate sobre uso de charretes turísticas em Poços de Caldas
- Elisa Ribeiro
- 6 de out.
- 3 min de leitura

Um vídeo compartilhado nas redes sociais no domingo (5) mostrando o resgate de um cavalo caído reacendeu a discussão sobre o uso de charretes turísticas com tração animal em Poços de Caldas (MG).
O animal pertence a Francisco Carlos, presidente da Associação dos Condutores de Veículos de Tração Animal da cidade. Segundo o colega de trabalho dele, Silas Cordeiro, o incidente ocorreu quando o charreteiro parou para pegar um marmitex a caminho de casa e um carro encostou na charrete, provocando o acidente.
“Não foi maus-trato, não foi exaustão. Ele cuida bem dos animais dele. Foi uma fatalidade, porque bateu atrás da charrete e o cavalo estava amarrado. Ele deitou em cima do varal, quebrou o varal, mas, na hora que arrumaram a charrete, o cavalo já ficou em pé”, explicou Cordeiro.
Em nota, a Associação dos Condutores informou que está apurando o caso e reforçou que o cavalo não sofreu ferimentos. “De forma preliminar, atestamos que o cavalo envolvido está em plenas condições de saúde, é acostumado com a atividade e não sofreu qualquer ferimento decorrente do incidente, reiterando o compromisso da associação com o bem-estar e a saúde dos animais.”
O episódio reacendeu o debate sobre a substituição das charretes por veículos elétricos. Em suas redes sociais, o prefeito Paulo Ney afirmou contar com o apoio dos vereadores para aprovar o projeto que extingue o serviço de tração animal e propõe a implantação de carruagens elétricas para o transporte turístico.
A proposta, enviada à Câmara Municipal em junho, prevê o fim do serviço em até 90 dias após a publicação da lei. Os charretistas receberiam uma indenização de R$ 15.180.
A Associação dos Condutores, entretanto, é contrária ao encerramento imediato da atividade. “Somos contra qualquer medida de encerramento repentino. Não há indícios de maus-tratos, como comprovam laudos judiciais. Propomos uma finalização gradativa, com respeito à idade dos condutores e um valor de indenização maior para que possam se realocar dignamente”, informou a entidade.
Atualmente, 39 charretistas atuam em Poços de Caldas. Eles reivindicam diálogo e melhores condições para encerrar as atividades. “Queremos um acordo justo, uma remuneração que nos dê respaldo. Não somos bandidos, somos trabalhadores”, afirmou Silas Cordeiro.
O advogado e protetor animal Lúcio Cassila cobrou agilidade na votação do projeto. “A Câmara não tem interesse em resolver a situação, e isso leva a cenas como essa. O cavalo não deveria estar no trânsito. Ele é um animal de campo, e manter essa prática é um risco para os animais e para as pessoas”, disse.
A Câmara Municipal informou que o projeto ainda está em análise nas comissões e não há prazo definido para votação.
Histórico do debate
24 de janeiro de 2024 – Prefeitura publica edital de licitação para carruagens elétricas.
3 de junho de 2024 – Projeto de lei é encaminhado à Câmara prevendo o fim das charretes até setembro.
Julho de 2024 – O então prefeito Sérgio Azevedo anuncia o cancelamento dos alvarás dos charreteiros.
4 de setembro de 2024 – Prefeitura suspende o serviço por 30 dias.
5 de setembro de 2024 – Justiça suspende o ato e, no mesmo dia, a Prefeitura publica novo decreto proibindo charretes na área central.
6 de setembro de 2024 – Justiça volta a suspender o decreto.
24 de junho de 2025 – Novo projeto é enviado à Câmara, propondo a substituição das charretes por carruagens elétricas.
13 de agosto de 2025 – Audiência pública sobre o tema é encerrada após tumulto.



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