Brasil busca apoio da indústria e do agro para reverter tarifa de 50% imposta pelos EUA

Divulgação-Lula Marques/Agência Brasil

O governo federal iniciou nesta terça-feira (15/7) uma rodada de reuniões com representantes dos setores da indústria e do agronegócio para discutir os impactos e buscar soluções diplomáticas frente à taxação de 50% imposta pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. As conversas foram divididas em dois encontros: pela manhã, com industriais; e à tarde, com empresários do agronegócio.

A agenda foi liderada pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, que defendeu uma abordagem pacífica, porém firme, nas negociações com o governo norte-americano. Durante o encontro com empresários do setor industrial, Alckmin ressaltou que o Brasil buscará resolver o impasse por meio do diálogo, descartando qualquer interferência indevida entre os poderes, em resposta indireta às recentes críticas do ex-presidente Donald Trump ao Supremo Tribunal Federal (STF).

“O governo brasileiro está empenhado em resolver essa questão e queremos ouvir as sugestões de cada um de vocês”, afirmou Alckmin, destacando a importância da colaboração dos diferentes setores produtivos. Ele classificou a medida americana como inadequada, reforçando que a imposição tarifária prejudica a economia de ambos os países.

O vice-presidente também informou que o governo está dialogando com empresas norte-americanas que mantêm relações comerciais com o Brasil. Segundo ele, setores como o siderúrgico, que mantêm forte reciprocidade econômica, serão diretamente afetados pela nova tarifa, prevista para entrar em vigor em 1º de agosto.

As reuniões marcaram o início dos trabalhos do Comitê Interministerial de Negociação e Contramedidas Econômicas e Comerciais, criado para coordenar a resposta do Brasil à medida dos EUA. O comitê reúne os ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), Fazenda, Relações Exteriores e Casa Civil, com participação de outras pastas convidadas.

Alckmin revelou ainda que o governo brasileiro já havia apresentado aos Estados Unidos, em 16 de maio, uma proposta de negociação em caráter confidencial, mas que não obteve resposta. “Até a sexta-feira antes do anúncio das tarifas, as conversas estavam ocorrendo em nível técnico”, disse.

A regulamentação da Lei de Reciprocidade Econômica, aprovada pelo Congresso neste ano, foi publicada também nesta terça-feira. Essa legislação deve balizar as medidas que o Brasil adotará caso a taxação seja mantida. O governo, no entanto, reforça que ainda aposta na via diplomática como melhor solução para o impasse.

Fonte: Agência Brasil