Casais sem filhos superam média nacional em Poços de Caldas e Pouso Alegre
gazetadevarginhasi
18 de nov.
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fonte: g1
O índice de casais sem filhos em Poços de Caldas e Pouso Alegre, as duas maiores cidades do Sul de Minas, supera a média nacional, segundo dados do suplemento “nupcialidade e família” do Censo 2022, divulgado pelo IBGE neste mês.
Em 2022, o país registrou 72,3 milhões de unidades domésticas. Entre elas, a configuração que mais cresceu nas últimas duas décadas foi a de casais sem filhos, que passou de 13%, em 2000, para 24,1% em 2022.
Em Poços de Caldas, 28,08% dos lares apresentam esse perfil, quase quatro pontos acima da média nacional. Em Pouso Alegre, o percentual chega a 25,16%. Já Varginha e Passos aparecem com índices próximos ao do país, 23,96% e 23,49%, respectivamente.
O cientista social Rafael Kraus Renda avalia que a mudança na estrutura familiar acompanha transformações sociais observadas nas últimas décadas.
“A gente está mudando o núcleo familiar. O Sérgio Buarque de Holanda falava que a família é a base da sociedade brasileira, e essa mudança vai acompanhar o que o Brasil está representando. A gente tem um projeto muito mais de individualização, projetos pessoais colocados à frente da questão dos filhos. Além disso, os custos de vida estão muito altos e você tem a questão de uma reprogramação da mulher que está com alta taxa de escolaridade e, felizmente e finalmente, foi inserida no mercado de trabalho e, ainda que ganhando um pouco menos do que os homens, elas já são chefes de família e responsáveis pelo lar em vários dos lugares”, afirmou.
Os dados refletem essa transformação. Em 2022, o país tinha cerca de 7,8 milhões de mulheres criando filhos sem a presença do cônjuge ou de outros parentes. Essa composição, que representava 11,6% das famílias em 2000, subiu para 13,5%.
No mesmo período, a proporção de famílias chefiadas por homens caiu de 77,8% para 51,2%, enquanto o percentual de lares com responsável do sexo feminino passou de 22,2% para 48,8%.
O Censo também apontou que, pela primeira vez, menos da metade das famílias brasileiras é formada por casais com filhos. Essa estrutura recuou de 56,4% em 2000 para 42% em 2022. Outro destaque é o aumento de unidades domésticas unipessoais, que triplicaram em duas décadas, passando de 4,1 milhões para 13,6 milhões — 19,1% do total.
“O significado da família ele mudou, mas não perdeu a importância, ele só se diversificou. A gente tem uma família que continua sendo essencial para a estrutura da sociedade, só que ela agora é um pouco diferente, com novas formas de família, mães solteiras, pais solteiros, casais homoafetivos. Todas essas novas formas de família não significam a quebra de um padrão, significam a flexibilização dele”, afirma Renda.
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