Caso MC Poze do Rodo reacende debate sobre os limites entre arte e apologia ao crime
gazetadevarginhasi
2 de jun.
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A prisão do funkeiro MC Poze do Rodo, na última quinta-feira (29), no Rio de Janeiro, trouxe à tona um debate já antigo, mas ainda sem consenso: qual é o limite entre expressão artística e apologia ao crime?
Conhecido por músicas que mencionam diretamente o Comando Vermelho, maior facção criminosa do estado, o cantor também costumava se apresentar em comunidades dominadas pelo grupo, usando, segundo a Polícia Civil, traficantes como seguranças.
Para o secretário da Polícia Civil, Felipe Curi, as letras de Poze são “mais perigosas que tiros de fuzil”. Ele afirma que o artista utiliza suas músicas como instrumentos de propaganda da ideologia criminosa, defendendo que o funk tem sido transformado em ferramenta de dominação cultural pelo tráfico.
No momento, MC Poze está preso no Complexo Penitenciário de Gericinó e escolheu cumprir pena na ala onde estão detentos ligados à facção. Ele nega envolvimento com o crime e afirma ser vítima de perseguição.
Além dele, outros artistas do funk carioca estão na mira da polícia, como Oruam, Orochi e MC Cabelinho, também investigados por apologia ao crime.
Enquanto isso, especialistas divergem sobre o papel do funk nesse contexto. A socióloga Carolina Grillo defende que as músicas refletem experiências vividas por jovens de comunidades e periferias, o que explica seu sucesso. Para ela, é preciso separar o artista da obra.
Já o antropólogo e ex-oficial do BOPE, Paulo Storani, discorda. Ele alega que bailes funk têm sido usados para vender drogas e que as letras reforçam comportamentos criminosos, se tornando, segundo ele, ferramentas de apologia ao narcotráfico.
O caso reacende discussões sobre liberdade de expressão, segurança pública e o papel da cultura na sociedade — e promete desdobramentos tanto nas investigações quanto no debate público.
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