A expressão foi criada na década de 1980, pelo Dr. Benjamin Franklin chaves Júnior, químico estadunidense, ativista e prêmio Nobel da Paz. Refere-se às injustiças sociais e ambientais que se abatem sobre populações e etnias mais vulneráveis. Em outras palavras, designa a situação em que problemas ambientais afetam de forma mais aguda as populações de periferias, de favelas e ribeirinhas, constituídas, em sua maioria, por negros, indígenas e quilombolas.
Este não é um termo novo e é usada há algum tempo por acadêmicos para descrever essa disparidade de impacto na população das tragédias ambientais.
Se olharmos para a nossa história após a abolição, “os escravizados foram libertados na lei, mas sem um conjunto de direitos, como trabalho remunerado e direito à Terra, e tendo como única opção a ocupação de espaços que não interessava aos antigos senhores. A favelização e a periferização de espaços urbanos são herdeiros desse processo” - explica Roberta Godim, professora da Fiocruz, em reportagem ’O Globo.
As regiões ocupadas por populações menorizadas - periferias e favelas - carecem de saneamento básico, de coleta de lixo, de rede de esgoto e de acesso à água potável. No campo, indígenas e quilombolas sofrem com desmatamento, garimpo, falta de demarcação de terra e violência contra suas lideranças. Estes ambientes sujeitam mais facilmente sua população a tragédias climáticas e de saúde.
Assim, embora a chuva caia tanto em áreas ricas como em áreas pobres, as regiões de melhor nível financeiro (e majoritariamente brancas) têm sistema de contenção de água e seus habitantes correm menos riscos de saúde por terem melhores condições de saneamento. Além disso a recuperação material após as perdas é muito mais rápida.
A pouca presença de indivíduos não brancos em posições de poder político também pode significar uma não valorização de políticas públicas voltada às pessoas em situação de vulnerabilidade.
O combate ao racismo ambiental só é viável pelo combate ao racismo de forma geral e por iniciativas de cuidado e regeneração do meio ambiente.
* Luciane Madrid Cesar
Artigo gentilmente cedido pela autora a título de colaboração com a Agenda 21 Local.
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