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Coluna Agenda 21 - 22/11/2025

  • gazetadevarginhasi
  • há 8 minutos
  • 3 min de leitura
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Muito além da COP30

Durante as últimas duas semanas – e algum tempo antes disso – a pauta da vez tem sido o meio ambiente. Muita coisa conversada em Belém, embora nem todos os resultados pretendidos tenham sido alcançados. E, embora a gente saiba que quando tudo passar o assunto vá esfriar - de novo - estamos tendo a oportunidade de conhecer diversas iniciativas interessantes que podem incentivar uma economia de mais cuidado com a Terra.
A começar pela evidência dada ao estado do Pará, onde acontece ao evento, que embora faça parte do nosso país, a grande maioria dos brasileiros não conhece. A âncora da CNN, Carol Nogueira, paraense, está fazendo uma série de reportagens sobre o estado, sua cultura, suas comidas, a vida de seu povo e sua relação com a floresta. Vale muito a pena assistir. Nós, que estamos tão longe e somos tão urbanos, pouco conhecemos dessa porção norte do nosso país, tão diversa do nosso chão aqui no Sudeste.
Uma das reportagens mostrou a colheita e preparo do açaí, apreciado em todo o país. Mas por lá não se come com açúcar e guloseimas. O paraense, do açaí com farinha faz um purê que acompanha peixes grelhados. A fruta quase foi proibida na COP30, alegando-se que era alimento com alto risco de contaminação. Mas depois da reação de diversos grupos no Brasil todo, a organização retirou a proibição, que afetava também o tucupi e a maniçoba. Seria um desrespeito à identidade da região, além de uma oportunidade perdida de promover para o mundo a culinária local, tão saborosa, e de fomentar o turismo gastronômico na região.
Outra matéria interessante foi sobre a colheita e o preparo do cacau na confecção do chocolate. Dona Nena, mulher à frente de uma fábrica de chocolates na Ilha do Combu, conta que as mudanças climáticas estão alterando as épocas de colheita do cacau, afetando, muitas vezes, a qualidade do produto e impactando o processo de produção. Outros produtores, não só de cacau, também perceberam essa mudança na sazonalidade dos alimentos por causa das alterações no clima.
E ainda na Ilha do Combu, a Associação das Mulheres Extrativistas produz produtos à base de andiroba, uma castanha cuja semente libera um óleo medicinal que é cicatrizante, anti-inflamatório e bom para tratar dores musculares. Sua árvore passa dos 15 metros de altura. A associação produz sabonetes, óleos vegetais e repelentes, dentre outras coisas, em parceria com pesquisadoras universitárias. A ciência e os saberes ancestrais de mãos dadas.
Essa economia baseada nos alimentos que nascem em árvores ajuda na conservação da floresta. Pela lógica econômica, se a arvore dá lucro com seus frutos, ela precisa permanecer em pé para produzi-los. É o jeito certo de se utilizar da floresta e mantê-la viva.
Belém também apresenta, no evento, o primeiro barco movido a hidrogênio verde do Brasil. O veículo transforma a água do rio em hidrogênio para sua própria propulsão e não emite ruido nem poluentes. O catamarã está sendo usado para a coleta seletiva dos resíduos gerados na COP30.
Nem tudo que se espera de uma COP se realiza, mas a cada edição, novas formas de se cuidar do planeta são apresentadas. Um avanço importante na árdua luta entre desenvolvimento desenfreado e a sobrevivência da raça humana.
* Luciane Madrid Cesar
Artigo gentilmente cedido pela autora a título de colaboração com a Agenda 21 Local.

Gazeta de Varginha

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