O difícil caminho para as pesquisas e inovações brasileiras
O difícil caminho para as pesquisas e inovações brasileiras.Farmacêutica brasileira, Lauren Dalat, mestranda da Universidade Federal de Goiás, inventa um teste para cosméticos com células-tronco de dentes humanos em substituição ao uso de cobaias vivas e ganha prêmio internacional por isso. Alunos da UFPA (Universidade Federal do Pará) usam caroço de açaí e bagaço de cana para gerar eletricidade na Amazônia. Painel solar na espessura de uma folha de papel é desenvolvido na Universidade Federal do Paraná. Na Universidade Federal Fluminense, a casca de coco verde está sendo usada para descontaminar a água.
Alunos brasileiros têm brilhado nas olimpíadas internacionais de matemática, física, informática... Imaginem o que teríamos se houvesse maior investimento em educação e pesquisa!
Mas e depois? O que acontece com estes estudos e invenções depois que saem do laboratório? Lembro-me de, há muitos anos, ter visto uma reportagem sobre alguém que tinha criado um método de instalação hidráulica que reutilizava a água da pia e do chuveiro no vaso sanitário. E eu pensei: - Que maravilha! Logo todas as casas novas serão construídas assim. Anos depois, as casas continuam sendo construídas como antes, sem mudança. E hoje, para conseguir usar algum método inovador como este, você tem que garimpar muito por profissionais que o saibam fazer e, muitas vezes, gastar muito mais dinheiro do que se usasse métodos tradicionais, embora o custo do material não seja maior.
Por que não há uma divulgação dessas inovações, um estímulo a investimentos nelas? Por que não se facilita soluções sustentáveis, formando profissionais capacitados e incentivando a produção de sistemas inovadores?
A resposta, provavelmente, está no capital de grandes empresas que não desejam perder mercado.
Seria um grande salto evolutivo se escolas e instituições de ensino profissional passassem a ofertar uma quantidade expressiva de cursos voltados para a sustentabilidade aos profissionais e empreendedores do futuro. E se houvesse campanhas de marketing que “virilizassem” entre os estudantes estes cursos, tornando-os conhecidos e atrativos.
Importante desfazer a ideia de que sustentabilidade não gera renda. O mercado da reciclagem é subvalorizado. A produção de produtos sustentáveis é, ainda, muito pequena. Há, no Brasil, por exemplo, pouquíssimas indústrias que fabricam embalagens biodegradáveis, o que torna seu custo mais alto, inviável para pequenos negócios. Com maior oferta, o preço pode cair. E como esta existem muitas outras opções com potenciais de mercado promissores, desconhecidas de quem começa um negócio.
É preciso entender que investir em educação e criar subsídios voltados para a regeneração do planeta não significa abandonar o conforto da vida moderna, e nem é apenas uma atividade voluntária para uns poucos abnegados, mas é, sim, trabalhar por uma vida harmoniosa com a natureza que nos dá vida.
“Estranho que se haja definido o homem um animal racional. Essa definição foi prematura. O homem pode ser muita coisa, mas não é racional...” (Oscar Wilde em O Retrato de Dorian Gray)
* Luciane Madrid Cesar
Artigo gentilmente cedido pela autora a título de colaboração com a Agenda 21 Local.
Engº Alencar de Souza Filgueiras
Presidente do Fórum Agenda 21 Local
Presidente do Conselho Fiscal do IBAPE-MG
Contato:evolucao@uai.com.br
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