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Corrida pelo ouro no Sul de Minas? Empresas recebem aval para pesquisa em meio a operação da PF

  • gazetadevarginhasi
  • 8 de ago.
  • 3 min de leitura
Reprodução
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Pelo menos seis empresas receberam, em 2025, autorização da Agência Nacional de Mineração (ANM) para realizar pesquisas sobre a presença de ouro ou minério de ouro às margens do Rio Verde, em cidades do Sul de Minas. Outras oito empresas ainda aguardam liberação formal da agência para iniciar as atividades de prospecção mineral.
A movimentação ocorre paralelamente à segunda fase da Operação Fogo no Garimpo, deflagrada na terça-feira (5) pela Polícia Federal, com apoio da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e da própria ANM. A ação resultou na apreensão de uma draga e na destruição de outras 12 em municípios da região. Treze trabalhadores foram presos em flagrante, mas posteriormente liberados.
Segundo as investigações, os suspeitos atuavam sob a justificativa de extração de areia, mas estariam, na verdade, realizando extração ilegal de ouro. Em alguns casos, havia apenas licença de pesquisa — não de lavra, necessária para a exploração mineral legalizada.
As autoridades alertam para os danos ambientais provocados pela extração clandestina de ouro, como assoreamento dos rios, degradação de ecossistemas aquáticos e contaminação dos recursos hídricos. A suspeita é de que garimpeiros ilegais estejam aproveitando o aumento de pedidos formais de pesquisa para se instalar em áreas sensíveis do Rio Verde.
“Para a nossa região do Sul de Minas é uma novidade. Então realmente tem sido uma demanda crescente para a Agência Nacional de Mineração. A própria comunidade tem demonstrado preocupação e feito muitas denúncias pelos canais de atendimento da Polícia Federal, Polícia Militar e IBAMA”, afirmou o capitão Luiz Cláudio de Carvalho, comandante da 5ª Companhia de Polícia Militar do Meio Ambiente.

Autorização em alta
Segundo levantamento do g1, somente em 2025 foram concedidas oito autorizações para pesquisa de ouro ou minério de ouro às margens do Rio Verde, envolvendo áreas em Varginha, Três Corações e São Sebastião do Rio Verde. Outros dez pedidos aguardam análise da ANM.
Atualmente, apenas quatro empresas na região possuem concessão de lavra — a autorização federal para a exploração mineral:
Duas em Pouso Alegre (ouro), no Rio Sapucaí;
Uma entre Varginha e Três Corações (minério de ouro), no Rio Verde;
Uma em São Vicente de Minas (minério de ouro), no Rio Aiuruoca.
A diferença entre “ouro” e “minério de ouro” está na forma de ocorrência: enquanto o ouro é encontrado como metal puro, o minério de ouro é uma rocha que contém o metal associado a outros minerais, exigindo beneficiamento para separação.
Dados do Sistema de Informações Geográficas da Mineração (SIGMINE), da ANM, indicam autorizações ativas para pesquisa de ouro em praticamente todo o Sul de Minas, não apenas nas margens de rios. As áreas mais visadas atualmente se concentram nas regiões de Campanha, Pouso Alegre e Passa Quatro.

Cautela entre
especialistas
Apesar do aumento nos requerimentos, especialistas ouvidos pelo g1 afirmam que não há sinais claros de uma “corrida do ouro” no Sul de Minas. O engenheiro geólogo Paulo Henrique Silva Lopes, natural de Monte Santo de Minas e atuante na região de Ouro Preto, observa que a mineração na região é historicamente voltada à construção civil, com foco na extração de areia, granito e rochas ornamentais.
Segundo ele, é comum encontrar traços de ouro durante a retirada de areia dos rios, o que pode despertar interesse pontual e motivar novos pedidos de pesquisa — o que, no entanto, não comprova a existência de grandes jazidas.
“Pode ser que alguém tenha encontrado algo e feito o requerimento para pesquisa. Mas, a partir do momento em que começa a extrair, é preciso ter a concessão de lavra. Esse processo exige que a extração de ouro seja oficialmente declarada”, explicou o geólogo.
Ele reforça que a região de Varginha não possui histórico de grandes reservas do metal, ao contrário de áreas como a Província Mineral de Tapajós, no Pará.
“Na região de Varginha, não considero que esteja ocorrendo um boom. É uma área muito voltada à construção civil. O ouro aparece, mas não em volumes que justifiquem grandes investimentos”, avaliou.
Outro ponto destacado pelo especialista é o baixo índice de conversão dos pedidos de pesquisa em projetos de lavra efetiva.
“A maioria das requisições acaba sendo postergada. O prazo para entrega do relatório final de pesquisa é de três anos, e muitas empresas deixam para a última hora. Isso atrasa o processo e pode deixar a área inativa por anos”, completou.
Fonte: G1

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Gazeta de Varginha

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