Delator do PCC denunciou esquema de corrupção policial antes de ser assassinado
O empresário Antônio Vinícius Gritzbach, delator que colaborava com investigações sobre o Primeiro Comando da Capital (PCC), foi assassinado no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, oito dias após fazer graves denúncias sobre um esquema de corrupção policial. Em depoimento prestado à Corregedoria da Polícia Civil no final de outubro, ele revelou detalhes de um esquema de propinas que envolvia policiais do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Segundo ele, alguns membros do DHPP teriam exigido 40 milhões de reais para não o incriminarem em um assassinato.
Gritzbach relatou também que, em 2022, pagou um milhão de reais aos policiais envolvidos, quantia entregue por meio de um conhecido. Além disso, o empresário afirmou que os mesmos policiais teriam recebido outros 10 milhões de reais do PCC para encerrar investigações sobre o sequestro de um membro da facção. Entre os envolvidos estava Rafael Maeda Pires, conhecido como “Japa”, que, segundo as informações, facilitava parte dos pagamentos ao grupo policial e foi encontrado morto em 2023, em um suposto suicídio forçado pela própria facção.
Durante o depoimento, o empresário ainda mencionou o furto de sete relógios de luxo de sua residência durante uma operação de busca conduzida pelos policiais do DHPP. Ele chegou a divulgar em redes sociais uma foto em que um investigador aparecia usando um dos relógios, mas a imagem foi removida após suas denúncias.
A Secretaria de Segurança Pública afastou seis policiais civis enquanto uma força-tarefa investiga o assassinato de Gritzbach e os relatos sobre a corrupção policial. O delegado Fabio Baena e o chefe de investigações do DHPP, Eduardo Monteiro, citados nas denúncias, ainda não comentaram as acusações.
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