Dez anos do rompimento da barragem de Mariana: ato solene relembra vítimas e reforça cobrança por reparação justa
gazetadevarginhasi
há 45 minutos
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FOTOS;Eric Bezerra/MPMG
O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) participou, nesta quarta-feira (5/11), de um ato solene em memória dos dez anos da tragédia-crime da barragem de Fundão, da Samarco, em Mariana, na região Central do estado.
Convocado pela Comissão de Atingidos da Barragem de Fundão (CABF), o evento reuniu moradores do antigo distrito de Bento Rodrigues, lideranças comunitárias, autoridades locais, professores, estudantes e representantes de movimentos sociais. As homenagens aconteceram no próprio território destruído pela lama em 2015, onde 19 pessoas perderam a vida.
O MPMG esteve representado pelo Núcleo de Acompanhamento das Reparações por Desastres (Nucard), responsável por fiscalizar a execução do novo acordo de reparação, firmado há um ano.
Memória e resistência
O ato começou na capela de Nossa Senhora das Mercês, uma das poucas construções poupadas pela lama, onde foi realizada uma celebração religiosa marcada por orações, pedidos de justiça e palavras de ordem.
Em seguida, os participantes carregaram uma cruz de cerca de sete metros até o antigo centro de Bento Rodrigues — hoje tomado pela vegetação e ruínas —, onde fincaram o símbolo ao lado de pequenas cruzes com os nomes das vítimas.
Durante o evento, a presidente da CABF, Mônica Santos, destacou a importância de manter viva a memória do desastre.
“É fundamental estarmos aqui para denunciar, para cobrar, mas também para celebrar a vida dos que sobreviveram. Que o mundo não esqueça e que crimes como esse não se repitam”, afirmou.
O ex-morador e comerciante Mauro Marcos da Silva cobrou mais agilidade na execução dos programas previstos na repactuação.
“Os programas existem no papel, mas ainda não saíram do lugar. É preciso viabilizar a aplicação prática dessas ações”, disse.
Novo modelo de reparação
O coordenador do Nucard, Leonardo Castro Maia, reforçou que o novo acordo extinguiu a Fundação Renova e transferiu a execução das ações diretamente para a Samarco, municípios, estados e União. Ele explicou que o MPMG atua em conjunto com a Defensoria Pública de Minas Gerais e o Ministério Público Federal para garantir que os recursos sejam efetivamente aplicados nas reparações.
“Nosso papel é fiscalizar e oferecer mecanismos de controle social, para que a própria população acompanhe e denuncie irregularidades”, destacou.
A coordenadora-adjunta do Nucard, Shirley Machado de Oliveira, ressaltou que a participação dos atingidos é essencial para a efetividade da reparação.
“Mesmo dez anos depois, os danos e o sofrimento persistem. É preciso reconhecer a força das comunidades e garantir que suas vozes estejam no centro desse processo”, afirmou.