Esgoto clandestino pode ser causa de surto de virose no litoral paulista
A Prefeitura de Guarujá, no litoral paulista, informou, na manhã deste sábado (4 de janeiro), que notificou a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) sobre a possibilidade de vazamentos e ligações clandestinas de esgoto na região da Praia da Enseada, mas não obteve retorno.
A administração municipal acredita que esses problemas possam ser a causa do aumento dos casos de gastroenterocolite aguda – uma inflamação no estômago e intestinos, que tem sobrecarregado os hospitais da cidade e da região.
A gastroenterocolite aguda, comumente chamada de virose, é causada em mais de 95% dos casos por vírus como norovírus, rotavírus e adenovírus, mas também pode ser provocada por bactérias, parasitas ou pela ingestão de alimentos contaminados. A prefeitura aguarda os resultados das análises enviadas ao Instituto Adolfo Lutz para identificar a origem da doença.
Em resposta, a Sabesp afirmou que tomou as medidas necessárias para investigar as solicitações da prefeitura e forneceu os esclarecimentos requisitados à Secretaria Municipal de Meio Ambiente. A companhia destacou que monitora o sistema de esgotamento sanitário da Baixada Santista e observou que as fortes chuvas podem sobrecarregar o sistema devido à entrada irregular de água da chuva. A Sabesp não se pronunciou sobre a existência de esgoto clandestino, mas informou que, na quinta-feira (2 de janeiro), ocorreu um vazamento de esgoto na Praia da Enseada.
A companhia esclareceu que esse incidente foi pontual, e que a limpeza e higienização já foram concluídas. A Sabesp também afirmou que esse vazamento não tem relação com o surto de virose, já que a contaminação simultânea em várias cidades e locais distintos seria improvável.
A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) enviou ofícios à Sabesp, à Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) e à Secretaria de Saúde estadual para cobrar esclarecimentos sobre o surto de virose no litoral. No documento, Hilton questiona sobre as ações tomadas para garantir a qualidade da água distribuída, a balneabilidade das águas para banhistas e o monitoramento dos casos de virose nas cidades litorâneas.
Em Guarujá, houve um aumento de 42% nas queixas relacionadas a quadros de virose nos pronto-atendimentos. Em dezembro, mais de 2.064 atendimentos foram realizados. A Secretaria Municipal de Saúde informou que as UPAs Enseada e Rodoviária receberam reforço de médicos e enfermeiros desde 3 de janeiro, com o objetivo de atender a maior demanda. Embora o tempo de espera tenha diminuído, ainda ultrapassa uma hora.
As unidades de Saúde da Família nos bairros Jardim dos Pássaros, Vila Rã e Cidade Atlântica, que anteriormente realizavam atendimento eletivo das 7h às 17h, agora permanecem abertas até as 22h, sem necessidade de agendamento.
Moradores e turistas de outras cidades da Baixada Santista, como Santos e Praia Grande, e do litoral norte, como São Sebastião, também relataram sintomas gastrointestinais. Os sintomas típicos de virose incluem diarreia, vômitos, dor abdominal, febre, náuseas, dores musculares e de cabeça.
Marco Chacon, coordenador da Vigilância Sanitária de Guarujá, reforçou que, para prevenir a contaminação, é importante lavar bem as mãos e os alimentos, evitar consumir produtos de origem desconhecida, especialmente gelo exposto ao sol, evitar aglomerações e optar por ambientes arejados.
Para aliviar os sintomas, a recomendação é repousar, manter-se hidratado com água ou isotônicos, evitar leite, derivados, café, refrigerantes, alimentos gordurosos, crus e grãos. Caso os sintomas persistam por mais de 12 horas, é importante procurar ajuda médica.
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