Governo de Minas estuda PPP para modernizar transporte por balsas no Lago de Furnas

Fonte: g1

O governo de Minas Gerais estuda implantar uma parceria público-privada (PPP) para modernizar o transporte aquaviário no entorno do Lago de Furnas, no Sul de Minas. A proposta prevê a concessão do serviço a um operador privado, que será responsável por administrar, renovar e manter as balsas utilizadas diariamente por moradores e produtores rurais da região.

Atualmente, cada município opera suas travessias de forma independente, com embarcações antigas e estrutura precária. Segundo o secretário de Estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias, Pedro Bruno, o objetivo da PPP é garantir mais segurança, conforto e regularidade.

“Hoje há uma operação precária, com balsas muito antigas. Estamos propondo ter um grande operador responsável por todas as travessias intermunicipais, com fiscalização mais rígida e balsas novas. É uma melhoria completa do serviço”, afirmou.

Travessias contempladas

O projeto inclui sete travessias em cidades banhadas pelo Lago de Furnas:

• Pontalete: liga Três Pontas, Elói Mendes e Paraguaçu

• Pontal Penas: entre São José da Barra e Guapé

• Fernandes: entre Guapé e Cristais

• Águas Verdes: entre Carmo do Rio Claro e Campo do Meio

• Fama: liga o município a Campos Gerais

• Mendes: entre Campo Belo e Nepomuceno

• Itaci: conecta o distrito a Carmo do Rio Claro

A expectativa é que o edital da PPP seja lançado até o fim de 2025, com leilão previsto para 2026. O governo estadual propõe uma tarifa mínima de R$ 15 por travessia e promete exigir balsas novas, cumprimento de horários e padrões de qualidade definidos em contrato.

Travessia do Pontalete é uma das mais críticas

A balsa do Pontalete, que liga Três Pontas, Elói Mendes e Paraguaçu, é considerada uma das mais problemáticas. Atualmente, a travessia custa R$ 25, e a embarcação tem capacidade para 37 toneladas, equivalente a quatro carros. Moradores relatam dificuldades frequentes na operação e na estrutura.

“Não tem salva-vidas suficiente, nem rádio comunicador. Se acontece alguma coisa, quem socorre são os pescadores”, contou a aposentada Suzi Oliveira.“Às vezes só um motor funciona e temos que esperar arrumar. Isso atrasa todo mundo”, disse Marilza Batista de Souza Silva, presidente da Associação de Moradores do Bairro Pontalete.

Durante audiência pública em Três Pontas, moradores sugeriram que a construção de uma ponte seria a solução definitiva:

“A balsa é um remédio amargo. O produtor rural paga para ir e voltar. Queremos o direito de ir e vir garantido com uma ponte”, afirmou o empresário Tadeu Mendonça.

Audiências públicas seguem no Sul de Minas

As audiências públicas percorrem os municípios da região para apresentar o projeto e colher sugestões da população. Nesta quinta-feira (16), a reunião ocorreu em Campo Belo; outras estão previstas para os dias 22 em Cássia e 24 em Delfinópolis. Todas serão transmitidas pelo YouTube da Secretaria de Estado de Infraestrutura (Seinfra).

Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico de Três Pontas, Sérgio Victor Nogueira, a participação popular é essencial:

“É fundamental acompanhar de perto essas discussões e cobrar que o resultado seja o melhor para a população da região.”

Integração com projetos federais

Paralelamente, o governo federal anunciou um pacote de R$ 42 milhões para melhorar o transporte aquaviário nos lagos de Furnas e Mascarenhas de Moraes, incluindo doação de embarcações da Eletrobras aos municípios, que passam a ser responsáveis por manutenção e operação.

No Sul de Minas, nove cidades serão beneficiadas: Carmo do Rio Claro, Cristais, Alfenas, Campo Belo, Campo do Meio, Fama, Três Pontas, Guapé e Delfinópolis.

Com dois projetos em andamento — um estadual e outro federal —, o governo de Minas avalia uma integração futura das ações, de modo que o Estado assuma a gestão das travessias, garantindo operação padronizada e fiscalização única. Segundo Furnas, o governo mineiro e as prefeituras devem definir em conjunto o melhor modelo de gestão e os papéis de cada ente.