Haddad diz que Brasil pode adotar medidas de crédito e cogita reciprocidade contra tarifa dos EUA

Faltando dez dias para o início das tarifas de 50% dos Estados Unidos contra produtos brasileiros, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira (21) que o governo estuda medidas de crédito para socorrer empresas afetadas e cogita aplicar a Lei da Reciprocidade.

Em entrevista à rádio CBN, Haddad ressaltou que as medidas de crédito não trarão impacto significativo nas contas públicas e que a prioridade do governo é buscar uma solução negociada. “Nosso objetivo não é retaliar, mas chamar a atenção de que essas medidas não ajudam nem eles nem a nós”, disse.

Ele criticou a decisão americana, afirmando que não tem base técnica e está ligada a interesses pessoais de Trump e Bolsonaro. “Estamos com um problema sério no Brasil em que uma família concorre contra os interesses nacionais”, declarou, classificando a situação como “muito grave”.

Haddad revelou que o Brasil já se reuniu mais de dez vezes com autoridades dos EUA em 2025 e enviou duas cartas formais — uma em maio — sem resposta. Ele criticou a falta de diálogo: “O encarregado de comércio dos EUA, que está no Brasil, sequer procurou as autoridades brasileiras para responder às cartas.”

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) lidera as tratativas, mas a Fazenda atua na formulação de respostas. “Estamos desenhando os cenários possíveis. Em uma situação de agressão externa, o MF se prepara para todos os cenários”, disse Haddad, reforçando que o Brasil não pretende sair da mesa de negociação.